A prece é a expressão mais alta da comunhão das Almas com Deus. Considerada sob este aspecto, ela perde toda a analogia com as fórmulas banais, os recitativos monótonos em uso, para se tornar um transporte do coração, um ato da vontade, pelo qual o Espírito se desliga das servidões da Matéria, das vulgaridades terrestres, para perscrutar as leis, os mistérios do poder infinito e a ele submeter-se em todas as coisas:
“Pedi e recebereis!”
Tomada neste sentido, à prece é o ato mais importante da vida; é a aspiração ardente do ser humano que sente sua pequenez e sua miséria e procura pelo menos um instante, pôr as vibrações do seu pensamento em harmonia com a sinfonia eterna. É a obra da meditação que, no recolhimento e no silêncio, eleva a Alma até essas alturas celestes onde aumenta as suas forças, onde a impregna das irradiações da luz e do amor divinos.
Mas quão poucos sabem orar!
As religiões nos fizeram desaprender a prece, transformando-a em exercício ocioso, ás vezes ridículo.
Sob a influência do Novo Espiritualismo, a prece tornar-se-á mais nobre e mais digna; será feita em mais respeito ao Poder Supremo, em mais fé, confiança e sinceridade, em completo destaque das coisas materiais.
Todas as nossas ansiedades e incertezas cessarão quando tivermos compreendido que a vida é a comunhão universal e que Deus e todos os seus filhos vivem, em conjunto, essa vida.
Então, a prece tornar-se-á a linguagem de todos, a irradiação da Alma. Seus benefícios se estenderão por todos os seres e particularmente por aqueles que sofrem, pelos ignorados da Terra e do Espaço.
Ela chegará àqueles em quem ninguém pensa, e que jazem na sombra, na tristeza e no esquecimento, diante de um passado acusador.
Ela originará neles inspirações novas; fortificar-lhes-á o coração e o pensamento – porque a ação da prece não tem limites, e assim as forças e os poderes que ela pode pôr em elaboração para o bem dos outros.
A prece, em verdade, nada pode mudar às leis imutáveis; ela não poderia, de maneira alguma, mudar os nossos destinos; seu papel é proporcionar-nos socorros e luzes que nos tornem mais fácil o cumprimento da nossa tarefa terrestre.
A prece fervente abre, de par em par, as portas da Alma e, por essas aberturas, os raios de força, as irradiações do foco eterno nos penetram e nos vivificam.
Trabalhar com sentimento elevado, visando a um fim útil e generoso, é ainda. Orar.
O trabalho é a prece ativa desses milhões de homens que lutam e penam na Terra, em benefício da Humanidade.
A vida do homem de bem é uma prece contínua, uma comunhão perpétua com seus semelhantes e com Deus. Ele não tem mais necessidade de palavras, nem de formas exteriores para exprimir sua fé: ela se exprime por todos os seus atos e por todos os seus pensamentos. Ele respira e se agita sem esforço em uma atmosfera fluídica cheia de ternura pelos desgraçados, cheia de boa-vontade por toda a Humanidade.
Essa comunhão constante se torna uma necessidade, uma segunda natureza. É graças a ela que todos os Espíritos de eleição se mantêm nas alturas sublimes da inspiração e do gênio.
Os que vivem no organismo e na materialidade, e cuja compreensão não está aberta às influências do Alto, esses não podem saber que impressões inefáveis faculta essa comunhão da Alma com o Espírito Divino.
Todos aqueles que, vendo a espécie humana deslizar sobre os declives da decadência moral, procuram os meios de sustar sua queda, devem esforçar-se por tornar uma realidade essa união estreita de nossas vontades com a vontade suprema!
.Não há ascensão possível, encaminhamento para o Bem, se, de tempos a tempos, o homem não se volta para o seu Criador e Pai, a fim de lhe expor suas fraquezas, suas incertezas, sua miséria, para lhe pedir os socorros espirituais indispensáveis à sua elevação.
E quanto mais essa confissão, essa comunhão íntima com Deus for frequente, sincera, profunda, mais a Alma se purifica e emenda. Sob o olhar de Deus, ela examina, expande suas intenções, seus sentimentos, seus desejos; passa em revista todos os seus atos e, com essa intuição, que lhe vem do Alto, julga o que é bom ou mau, o que deve destruir ou cultivar.
Ela compreende então que tudo quanto de mal vem do "eu" e deve ser abatido para dar lugar à abnegação, ao altruísmo; que, no sacrifício de si mesmo, o ser encontra o mais poderoso meio de elevação, porque, quanto mais ele se dá, mais se engrandece.
Deste sacrifício faz a lei de sua vida, lei que imprime no mais profundo do seu ser, em traços de luz, a fim de que todas as ações sejam marcadas com o seu cunho.
Leon Denis – o Grande Enigma pg 24/25/26
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