sexta-feira, 24 de julho de 2015

Família ideal


Enquanto ia para a Evangelização Infantil no Grupo Espírita, Jô lembrou que, em sua Escola, a próxima semana seria a Semana da Família. Ela não gostava dessa data porque seus pais não moravam juntos e, no ano anterior, seu pai trouxe a namorada para a Festa da Escola.

         Quando a aula de Evangelização iniciou, Jô descobriu que o assunto era Família. Ela se escondeu atrás de um livro, pois não queria falar sobre isso.

         Mas logo se interessou pelas fotos e gravuras de várias famílias: algumas com a figura do pai, da mãe, dos filhos e avós; em outras, o pai desencarnou e na foto estavam apenas a mãe e os filhos; havia uma em que os pais se separaram e moram em casas diferentes, e outra em que o filho mora com a mãe e há muito tempo não vê o pai porque ele mora em outro Estado.

         Logo as crianças começaram a contar sobre suas famílias: Fábio mora com os pais e os avós; a mãe de Edu desencarnou e ele mora com o pai; José mora com a mãe e o pai, e seu irmão mais velho mora em outra casa com a esposa e os filhos; Gil mora com a mãe, seu pai mora em outra casa, e seus avós vivem em outra cidade. Jô contou que seus pais se separaram, e que ela mora com a mãe e os irmãos.

         A evangelizadora explicou, então, que família não são apenas as pessoas que moram na mesma casa, mas as que estão unidas por laços de afeto. E que os pais que desencarnaram não deixam de fazer parte da família, apenas estão morando no Mundo Espiritual, e que de lá amam seus filhos e zelam por eles.

         - Então, qual a melhor família? - perguntou Adriana, a evangelizadora.

         Ninguém respondeu. Jô pensou em uma família com pai, mãe e filhos, todos morando na mesma casa.

         A evangelizadora olhou para um aluno e apontou dizendo: - A sua! Apontou para outro e disse a mesma coisa. E assim fez com todas as crianças.

         E concluiu:

         - Não existe uma família ideal. Cada um tem a família certa para si. Existem apenas diferentes tipos de família, cada uma com suas características, mas cada família é especial!

         Aos poucos, as crianças compreenderam que cada um escolhe reencarnar na família que é a mais indicada para o que precisam aprender nesta vida. E que família é um grupo de pessoas que se reúnem para se ajudarem e evoluírem juntas.

         No final da aula, Jô desenhou sua família: a mãe, o pai, os irmãos, e os avós que já desencarnaram; afinal, aquela não era uma família diferente, mas uma família especial, a sua família.


Claudia Schmidt
Seara Espírita nº 84 - novembro de 2005 e Parte do livro Universo Infantil



sexta-feira, 17 de julho de 2015

Otimismo

"Todavia, ninguém falava dele abertamente, por medo dos judeus."


As experiências da vida têm como objetivo o aperfeiçoamento do espírito. Expandir a consciência é o fim para o qual converge toda a vida em suas várias formas de manifestação.

Para viver de maneira altruísta, de forma a extrair a lição que a vida nos dá através das experimentações, é preciso ser corajoso. Ante os embates que se enfrentam na vida social e as dificuldades íntimas, é preciso coragem.

A força capaz de impulsionar o progresso está dentro de cada um dos filhos de Deus.

Recuar ante a grandeza da vida é covardia. Recusar-se a testemunhar o bem maior é atentar contra si mesmo.

O homem é levado pelo caudal das experiências rumo a um futuro cada vez mais brilhante. É chamado a contribuir e construir um mundo melhor. Isso começa naturalmente dentro de si mesmo, através de sua postura íntima.

Há necessidade de se enfrentar a si mesmo. A vida pede respostas. Os obstáculos são colocados no percurso de um atleta a fim de que ele os supere.

Assumir uma situação interior de dignidade é ter coragem de vencer os obstáculos e alcançar a vitória sobre as próprias limitações.

O medo retrai as energias da alma, impedindo o ser humano de progredir.

Pulverizar otimismo nas experiências diárias é um convite que é feito a todo momento.

Não importa a natureza do problema ou a espécie de dificuldade.

Ninguém é incapaz de realizações superiores.

Todos têm em si mesmos os recursos necessários para vencer. Somente tenhamos cuidado para que, a pretexto de sermos vencedores, não magoemos ou firamos aqueles que se consideram vencidos. Havendo a necessidade de subir ou crescer, saibamos respeitar os que se sintonizam com aquilo que chamamos de retarguarda. Todos têm imenso caminho a percorrer, e as possibilidades de vitória ou de derrota estão dentro de cada um.

Tenhamos a coragem de assumir a vitória na vida.

Extraído do livro Serenidade de Robson Pinheiro pelo espírito de Alex Zarthú



domingo, 5 de julho de 2015

É PELA “EDUCAÇÃO”, MAIS DO QUE PELA “INSTRUÇÃO”

Educação

Algumas propostas sócio pedagógicas atuais são elogiáveis para instruir e formar o homem, entretanto “é pela educação, mais do que pela instrução, que se transformará a humanidade”. [1] Para o notável Allan Kardec, “há um elemento que não se ponderou bastante, e sem o qual a ciência econômica não passa de teoria: a educação. Não a educação intelectual, mas a moral, e nem ainda a educação moral pelos livros, mas a que consiste na arte de formar o caráter, aquela que cria os hábitos adquiridos”. [2]
O que identificamos de forma generalizada é o absoluto distanciamento dos pais contemporâneos ao nível de educação dos filhos nesse sentido. De regra, transferem suas responsabilidades para as escolas ou para o Estado, enquanto eles, os pais,  é que tinham que ensinar aos filhos se isso ou aquilo é acertado para eles. Sobretudo “os pais espiritistas devem compreender essa característica de suas obrigações sagradas, entendendo que o lar não se fez para a contemplação egoística da espécie, mas sim para santuário onde, por vezes, se exige a renúncia e o sacrifício de uma existência inteira.”[3]
Para Viviane Senna, coordenadora do Instituto Ayrton Senna (IAS), que vem organizando programas de reforço escolar , capacitação de professores, “numa escola  não dá para continuar com um sistema retrógrado  em que o professor é o detentor do conhecimento e o aluno um arquivo em que esse conteúdo deve ser “depositado”. Segundo Viviane, o aluno não pode apenas decorar conceitos, precisa desenvolver um pensamento crítico e um raciocínio lógico aguçado, desenvolver sua capacidade de inovar, ser criativo e flexível e de resolver problemas.[4]
A fase infantil, em sua primeira etapa, é a mais importante para a educação, e não podemos relaxar na orientação dos filhos, nas grandes revelações da vida. Sob nenhuma hipótese, essa primeira etapa reencarnatória deve ser enfrentada com insensibilidade. Até aproximadamente os sete anos de idade é o período infantil mais acessível às impressões que recebe dos pais, razão pela qual não podemos esquecer nosso dever de orientar os filhos quanto aos conteúdos morais. [5]
Numa análise espírita da questão cremos que  a escola (pública ou particular – espírita ou não) deve formar um homem novo e precisa ser uma escola inteiramente inovadora, rompendo com o modelo do século XIX do sistema vigente, pois a educação tradicional, conforme aferimos, já não atende às necessidades da atual geração. A escola deve incentivar a participação, a interação, o diálogo, o debate livre, o estudo em grupo e abolir todas as formas de repressão.
A rede de escolas charter KIPP (Knowlegde is Power Program), nos Estados Unidos, tem como meta levar seus alunos (quase 90% oriundos de famílias pobres) até a universidade. A proposta consubstancia-se em diversas atividades visando despertar entusiasmo, perseverança, autocontrole, gratidão, otimismo, inteligência social e curiosidade em seus alunos. Uma de suas unidades, localizada no Harlem, em Nova York, extrapolou e criou uma inusitada aula de “CARÁTER”. Nesse sentido a escola investiu no ensino de habilidades como comunicação, resiliência e determinação. A proposta é para fazer conexões com a ciência e explicar como o cérebro funciona, através de técnicas de meditação, concentração e yoga. [6]
Os pais são responsáveis pelo desenvolvimento dos valores dos filhos e não devem apostar somente na escola para exercer essa tarefa. Um pai legítimo é aquele que cultiva em casa a cidadania familiar. Ou seja, ninguém em casa pode fazer aquilo que não se pode fazer na sociedade. É preciso impor a obrigação de que o filho faça isso, assim, cria-se a noção de que ele tem que participar da vida comunitária. Não há dúvida, que ante as balizas do bom senso e moderação os pais precisam educar estabelecendo limites. Porém essa exigência é muito mais acompanhar os limites, daquilo que o filho é capaz de fazer. 
Uma legítima educação é aquela em que os poderes espirituais regem a vida social. Antigamente, a pureza das crianças era uma realidade mensurável. Sua perspectiva não ultrapassava os simples livros didáticos, um único humilde caderno e brinquedos baratos. Para repreendê-las e educá-las, às vezes, bastava um olhar firme dos pais. Porém, aquele imaginário infantil, de quietude e sonho ingênuo, desmoronou sob o impacto da era do sensualismo, da violência, do materialismo.
Estejamos atentos à verdade de que educar não se resume apenas a providências de abrigo e alimentação do corpo perecível. A educação, por definição, constitui-se na base da formação de uma sociedade saudável. A tarefa que nos cumpre realizar é a da educação das crianças pelo exemplo de total dignificação moral sob as bênçãos de Deus. Nesse sentido, os postulados Espíritas são antídotos contra todos os venenosos ardis humanos, posto que aqueles que os conhecem têm consciência de que não poderão se eximir das suas responsabilidades sociais, sabendo que o futuro é uma decorrência do presente. Destarte, é urgente identificarmos no coração infantil o esboço da futura geração saudável.
Referências bibliográficas:
[1]            Kardec ,Allan.  Obras Póstumas, Rio de Janeiro: Ed. FEB 1980, página 384.
[2]            ______ Allan. O Livro dos Espíritos, Rio de Janeiro: Ed FEB 2000, questão 685-A:
[3]            XAVIER, Francisco Cândido. O Consolador. Pelo Espírito Emmanuel. 17. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1995, Perg. 113
[4]            Disponível  em http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2015/06/150525_viviane_senna_ru   acesso 19/06/2015
[5]            XAVIER, Francisco Cândido. O Consolador. Pelo Espírito Emmanuel. 17. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1995, perg. 113
[6]            Disponível em http://www.mundosustentavel.com.br/2014/06/escola-nos-eua-inclui-aula-de-carater-no-curriculo/ acesso em 14/08/2014
http://aluznamente.com.br/e-pela-educacao-mais-do-que-pela-instrucao/
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...