Estávamos – diz Adelino Silveira – na residência do Chico.
Seu estado de saúde não lhe permitia deslocar-se até o centro.
A multidão se comprimia lá na rua em frente.
Quando o portão se abriu, a fila de pessoas tinha alguns
quarteirões. Foram passando uma a uma em frente ao Chico. Pessoas de todas as
idades, de todas as condições sociais e dos mais distantes lugares do País.
Algumas diziam:
- Eu só queira tocá-lo...
- Meu maior sonho era conhecê-lo...
-Só queira ouvir sua voz e apertar sua mão.
Uns queriam noticias de familiares desencarnados, espantar
uma ideia de suicídio. Outros nada diziam nada pediam, só conseguiam chorar.
Com uma simples palavra do Chico, seus semblantes se transfiguravam, saíam
sorridentes.
Ao ver as pessoas ansiosas para tocá-lo, a interminável fila,
a maneira como ele atendia a todos fiquei pensando; “Meus Deus, a aura do Chio
é tão boa... seu magnetismo é tão grande, que parece que pulveriza nossas dores
e ameniza nossas ansiedades”.
De repente, ele se volta pra mim e diz:
- Comove-me a bondade de nossa gente em vir visitar-me. Não
tenho mais nada pra dar. Estou quase morto. Por que você acha que eles vêm?
Perguntou-me e ficou esperando a resposta.
Aí, pensei: Meu Deus, frente a um homem desses, a gente não
pode mentir nem dizer qualquer coisa que possa vir ofender a sua humildade
(embora ele sempre diga que nunca se considerou humilde).
Comecei então a pensar que quando Jesus esteve conosco, onde
quer que aparecesse, a multidão o cercava. Eram pessoas de todas as idades, de
todas as classes sociais e dos mais distantes lugares.
Muitos iam espera-lo nas estradas, nas aldeias ou na casa onde ele se hospedava. Onde quer que aparecesse, uma multidão o cercava. Tanto que Pedro lhe disse certa vez: “Be, vês que a multidão te comprime”. Zaqueu chegou a subir numa árvore somente para vê-lo.
Muitos iam espera-lo nas estradas, nas aldeias ou na casa onde ele se hospedava. Onde quer que aparecesse, uma multidão o cercava. Tanto que Pedro lhe disse certa vez: “Be, vês que a multidão te comprime”. Zaqueu chegou a subir numa árvore somente para vê-lo.
Ver, tocar, ouvir era só o que queriam as pessoas.
Tudo isso passou pela minha cabeça com a rapidez de um
relâmpago. E como ele continuava olhando para mim esperando a resposta, animei
a dizer:
- Chico, acho que eles estão com saudades de Jesus.
Palavras tiradas do fundo do coração penso que elas não
ofenderam sua modéstia.
A multidão continuou desfilando. Todos lhe beijavam a mão e
ele beijava a mão de todos.
Lá pelas tantas de noite, quando a fila havia diminuído sensivelmente,
percebi que seus lábios estavam sangrando. Ele havia beijado a mão de centenas
de pessoas.
Fiquei com tanta pena daquele homem, nos seus oitenta e oiti
anos, mais de setenta dedicados ao atendimento de pessoas, que me atrevi a
perguntar:
- Por que você beija a mão deles?
A humildade de sua resposta continuará emocionando-me sempre:
-Porque não posso curvar para beijar-lhes os pés.
Do livro Momentos com Chico Xavier de Adelino da Silveira 1 ed.
1999
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigada por sua mensagem. Será publicada após aprovação.