sexta-feira, 1 de março de 2024

ANTE OS PEQUENINOS - ANDRÉ LUIZ

 A criança é uma edificação espiritual dos responsáveis por ela.

Não existe criança - nem uma só - que não solicite amor e auxílio, educação e entendimento.

Cada pequenino, conquanto seja, via de regra, um espírito adulto, traz o celebro extremamente sensível pelo fato de estar reiniciando o trabalho da reencarnação, tornando-se por isso mesmo, um observador rigorista de tudo o que você fala e faz.

A mente infantil dar-nos-á de volta, no futuro, tudo aquilo que lhe dermos agora.

Toda criança é um mundo espiritual em construção ou reconstrução, solicitando material digno a fim de consolidar-se.

Ajude os meninos de hoje a pensar com acerto, dialogando com eles, dentro das normas do respeito e sinceridade que você espera dos outros em relação a você.

A criança é um capítulo especial no livro do seus dia-a-dia.

Não tente tranfigurar seus filhinhos em bibelôs, apaixonadamente guardados, porque são eles espíritos eternos, como acontece a nós, e chegará o dia em que despedaçarão perante você mesmo quaisquer amarras de ilusão.

Se você encontra algum pirralho de maneiras desabridas ou de formação inconveniente, não estabeleça consura, reconhecendo que o serviço de reeducação dele,na essência pertence aos pais ou aos responsáveis e não a você.

Se veio a sofrer algum prejuizo em casa, por depredações de pequeninos travessos, esqueça isso, refletindo no amor e na consideração que você deve aos adultos que respondem por eles.

 

André Luiz - Livro Sinal Verde - Psicografia Francisco Cândido Xavier.

sábado, 10 de fevereiro de 2024

PRIMEIRAS LIÇÕES DE MORAL DA INFÂNCIA por ALLAN KARDEC (1864)

 REVISTA ESPÍRITA ano 1864 - fev.


De todas as pragas morais da sociedade, o egoismo parece a mais difícil de desenraizar; ela é tanto mais, com efeito, quanto é entretida pelos próprios hábitos da educação. Parece que se toma, desde o berço, a tarefa de excitar certas paixões que se tornam mais tarde uma segunda natureza, e se espanta dos vícios da sociedade, então que as crianças os sugam com o leite. Eis disso um exemplo que, como cada um pode julgá-lo, pertence mais à regra do que à exceção.

Numa família de nosso conhecimento há uma pequena filha de quatro a cinco anos, de uma inteligência rara, mas que tem os pequenos defeitos das crianças mimadas, quer dizer, que ela é um pouco caprichosa, chorosa, teimosa, e não diz sempre obrigado quando se lhe dá alguma coisa, essa cujos pais têm grandemente interesse em corrigi-la, porque, à parte esses defeitos, ela tem um coração de ouro, expressão consagrada. Vejamos como se emprenham para tirar essas pequenas nódoas e conservar ao ouro a sua pureza.

Um dia, havia sido trazido um bolo à criança, e, como é geralmente o hábito, se lhe disse:
“Tu o comerás se for obediente,” primeira lição de guloseima. 

Quantas vezes não chega a dizer, à mesa, a uma criança, que não comerás de tal gulodice se chorar. “Faze isto, faze aquilo, se lhe diz, e tu terás do creme” ou alguma outra coisa que possa lhe fazer inveja; e a criança se constrange, não por razão, mas tendo em vista satisfazer um desejo sensual que a aguilhoa (estimula).

 É bem pior ainda quando se lhe diz, o que não é menos frequente, que se dará sua porção a um outro; aqui não é mais a gulodice só que está em jogo, é a invejaa criança fará isso que se lhe manda, não só para ter, mas que um outro não tenha Quer se lhe dar uma lição de generosidade? Diga-se lhe: “dá esse fruto ou esse brinquedo a um tal. ”Se ela recusa não se deixe de acrescentar, para simular nela um bem sentimento: “Eu te darei um outro dele;” de maneira que a criança não se decida a ser gêneros senão quando está certa de nada perder.

Fomos um dia testemunha de um fato muito característico nesse gênero. Era uma criança de dois anos e meio mais ou menos, a quem se havia feito semelhante ameaça, acrescentando-lhe: “Nós o daremos ao irmãozinho, e tu não o terás;” e para tornar a lição mais sensível, coloca-se a porção sobre o prato deste; mas o irmãozinho, tomando a coisa a sério, come a porção. Em vista disso, a outra se torna vermelha e seria preciso não ser nem o pai nem a mãe para não ver o estrondo de cólera e de ódio que jorra de seus olhos. A semente foi lançada; pode produzir bom grão?

Retornemos à pequena da qual falamos. Como não toma nenhuma conta da ameaça, sabendo por experiência que será executada raramente, esta vez se fez mais firme, porque compreendeu-se que seria preciso dominar esse pequeno caráter e não esperar que a idade lhe venha dar um mau hábito. É preciso formar as crianças cedo, dizia-se: máxima muito sábia, e, para coloca-la em prática, eis como se a toma.

 “Eu te prometo, lhe diz a sua mãe, que se tu não obedeceres, amanhã de manhã, a primeira pequena pobre que passar, dar-lhe-ei teu bolo. ”O que foi dito foi feito; esta vez queria-se resistir e lhe dar uma boa lição. No dia seguinte de manhã, pois, tendo percebido uma pequena vizinha na rua, fê-la entrar, e se obrigou a filhinha a toma-la pela mão e a lhe dar, ela mesma, seu bolo. Sobre isso, louvores dados à sua docilidade. Moralidade: a filhinha disse: “É indiferente, se soubesse disto, teria me apressado em comer meu bolo ontem;” e todo o mundo de aplaudir a essa resposta espirituosa. A criança, com efeito, recebeu uma grande lição, mas uma lição do mais puro egoísmo, do qual não deixará de se aproveitar numa outra vez, porque ela sabe agora o que custa a generosidade forçada; resta saber que frutos dará mais tarde essa semente, quando, mais idosa, a criança fará a aplicação dessa moral em coisas mais sérias do que um bolo. Sabem-se todos os pensamentos que só esse fato pôde fazer germinar nessa jovem cabeça? Como se quer, depois disso, que uma criança não seja egoísta quando, em lugar de despertar nela o prazer de dar, e de lhe presentear a felicidade daquele que recebe, se lhe impões um sacrifício como punição? Não é inspirar a versão pelo ato de dar, e por aqueles que têm necessidade?

 Um outro hábito igualmente frequente é o de punir uma criança vendo-a comer, na cozinha, com os domésticos. A punição está menos na exclusão da mesa do que na humilhação de ir à das pessoas de serviço. Assim se encontra inoculado, desde a mais tenra infância, o vírus da sensualidade, do egoísmo, do orgulho, do desprezo aos inferiores, das paixões, e uma palavra, que são, com razão, consideradas como as pragas da Humanidade. É preciso ser dotado de uma natureza excepcionalmente boa para resistir a tais influências, produzidas na idade mais impressionável, onde elas não podem encontrar contrapeso nem na vontade nem na experiência. Por pouco, pois, que o germe das más paixões aí se encontre, o que é o caso mais comum, tendo em vista a natureza da maioria dos Espíritos que se encarnam sobre a Terra, não pode senão se desenvolver sob essas influências, ao passo que seria preciso tentar descobrir lhe os menores traços, para abafá-la.

Essa falta, sem dúvida, está nos pais, mas aqueles pecam frequentemente, é preciso dizê-lo, mais por ignorância do que por má vontade; em muitos, incontestavelmente, há uma negligência culpável, mas em outros a intenção é boa, é o remédio que não vale nada ou que é mal aplicado. Sendo os primeiros médicos da alma de seus filhos, deveriam estar instruídos, não só de seus deveres, mas dos meios de cumpri-los; não basta ao médico saber que deve procurar curar, é preciso que saiba como deve fazê-lo.

 Ora, para os pais, onde estão os meios de se instruírem sobre parte tão importante de sua tarefa?

Dá-se às mulheres muita instrução hoje; fazem-na suportar exames rigorosos, mas jamais foi exigido de uma mãe que ela saiba como deve fazer para formar o moral de seu filho?

São-lhes ensinadas receitas do governo da casa; mas se a iniciou nos mil segredos de governar os jovens corações? Os pais são, pois, abandonados sem guia à sua iniciativa, é por isso que, frequentemente, tomam um falso caminho; também recolhem, nos erros de seus filhos tornados grandes, o fruto amargo de sua experiência ou de uma ternura mal combinada, e a sociedade toda disso recebe contragolpes.

Uma vez que está reconhecido que o egoísmo e o orgulho são a fonte da maioria das misérias humanas, que enquanto reinarem sobre a Terra, não se podem esperar nem paz, nem caridade, nem fraternidade, é preciso, pois, ataca-los no seu estado de embrião, sem esperar que sejam vivazes.

Pode o Espiritismo remediar esse mal? Sem nenhuma dúvida, e não hesitamos em dizer que só ele é bastante poderoso para fazê-lo cessar: pelo novo ponto de vista sob o qual faz encarar a missão e a responsabilidade dos pais; fazendo conhecer a fonte das qualidades inatas, boas ou más; mostrando-lhes a ação que se pode exercer sobre os Espíritos encarnados e desencarnados; dando-lhes a fé inabalável que sanciona os deveres; enfim, moralizando com isso os próprios pais. Já prova sua eficácia pela maneira mais racional da qual as crianças são educadas nas famílias verdadeiramente espíritas. Os novos horizontes que o Espiritismo abre fazem ver as coisas de maneira diferente; sendo seu objetivo o progresso moral da Humanidade, forçosamente deverá levar a luz sobre a séria questão da educação moral, fonte primeira da moralização das massas. Um dia compreender-se-á que esse ramo da educação tem seus princípios, suas regras, como a educação intelectual, em uma palavra, que é uma verdadeira ciência, um dia, talvez, se imporá a toda mão de família a obrigação de possuir esses conhecimentos, como se impões ao advogado a de conhecer o Direito.

Allan Kardec

sexta-feira, 19 de agosto de 2022

AMOR

 

 

Um novo mandamento vos dou:  que vos amei uns aos outros. Jesus

 


 

Fala-se muito em amor atualmente, nas novelas, no cinema, em toda parte.

Filhos, neste mundo em que vivemos muita coisa, mas muita coisa mesmo tem-se feito em nome do amor. Muitas vezes estas coisas não são corretas; confunde-se muito a palavra AMOR. Sabem, houve uma época em que se faziam guerras “por amor a Jesus”. Muito sangue e muitas lágrimas foram derramadas “em nome de Deus”.

Meus filhos, Deus é amor. E o amor é uma coisa muito bonita, alegre e forte. Diz-se que é possível “matar por amor”. Que coisa feia, vocês não acham? Como pode alguém que ama de verdade, matar, destruir, ferir a pessoa que ela ama?!

Olhem, para vocês entenderem melhor, eu vou contar uma história.

Vocês gostam de histórias, não é mesmo? Pois bem, então ouçam.

Rita ficara órfã aos cinco anos de idade. Era uma menina magrinha miudinha. Não era muito bonita, mas era simpática. Tinha sempre um sorriso alegre para todos, e seus olhos refletiam uma alma boa e sincera, embora um pouco triste e sonhadora. Ela tinha ainda mais seis irmãos maiores do que ela; Rita era a caçula da família. Desde pequena aprendera a trabalhar e ajudar a irmã mais velha que cuidava da casa. Todos gostavam da Rita. De manhã arrumava a casa direitinho, enxugava a louça do almoço, e depois ia à escola. O grande sonho de Rita era ser médica. Mas, como pagar os estudos? A família era tão pobre! Com o tempo, como Rita era inteligente, conseguiu uma bolsa de estudos. Quando sobrava um tempo, ela fazia bordados, e com isso ganhava dinheiro para as despesas escolares, e ainda ajudava a família.

O pai, que se tornara um homem triste desde que a esposa falecera, sentia-se orgulhoso da Rita. Costumava dizer:

- Esta menina tem fibra, vai longe!

Assim trabalhando e estudando, Rita tornou-se uma moça delicada, querida por todos.

Através de uma entidade filantrópica conseguiu uma bolsa de estudos que lhe permitiu ingressar na faculdade de medicina.

Rita estudou e trabalhou muito. No último ano de estudos, Rita dava a todos muito amor, muito carinho. Gostava mesmo era de tratar dos velhinhos. Coitados! Estavam sempre tão tristes carentes de carinho! Pareciam crianças grandes!

Rita havia conhecido um moço, colega de faculdade, que se chamava Ronaldo. O moço era igualmente de origem humilde. ‘

Ronaldo era ambicioso, isto é, queira formar-se logo para ganhar dinheiro e ser rico. Costumava dizer à Rita:

- Sabe, eu quero ganhar muito dinheiro e ser rico logo, assim nós poderemos ter a nossa casa, um carro, para podermos passear, enfim, para podermos gozar os prazeres da vida!

Rita costumava olhá-lo preocupada e respondia:

- Ronaldo, o dinheiro não é tudo na vida de um casal. Para mim o mais importante é o amor. Só o amor constrói a felicidade!

- É, mas sem dinheiro, o amor acaba logo, meu bem! Quando o estômago está vazio, quando temos preocupações financeiras, tchau amor! Tchau amor!

- Ronaldo, não seja tão materialista assim! O verdadeiro amor é um sentimento do nosso espírito, da nossa alma, independente das coisas físicas!

- Ora, ora Rita, corta essa! Acorda mulher, você está sonhando demais criatura! Acorda, desperte para a realidade!

- Então, Ronaldo, você não me ama de verdade!

- É claro que sim! Ora essa, por que você acha que não?

- Porque você só gosta do meu físico, da minha aparência exterior, não da minha alma!

Ronaldo olhou-a surpreso e embaraçado.

- Ora... Eu gosto muito de você como você é assim charmosa, simpática, com este corpinho bem feito, saudável. Quanto a sua “alma”, nunca pensei nisto! Acho isto de “espírito”, “amor de almas”, uma coisa de há muito superada! Hoje, o que conta é aquilo que se vê, que se sente, o que é concreto, não as coisas ditas “espirituais” que são duvidosas e abstratas!

- Que horror, Ronaldo! Você é materialista, só crê nas coisas físicas, não espirituais?!

- sou realista, apenas isto! A ciência abre-nos os olhos para as coisas reais, palpáveis, verificáveis através de provas de experiências de laboratório! Você sabe disto tão bem quanto eu!

- Você vê as coisas por um lado, o material, o físico. Mas além do mundo das sensações físicas existe outro mundo, muito mais importante e real, o mundo espiritual, o mundo dos sentimentos e eternos. Bem entendido, quanto se trata de bons sentimentos, do amor. O amor não é apenas “sensação física”, mas sim, um sentimento que vem da nossa alma, do nosso espírito eterno e imortal!

Ronaldo sorriu, e dando o assunto por encerrado, abraçou-a dizendo:

- Chega de filosofia por hoje, tá?

Rita tratava com carinho e interesse os doentes que a procuravam, quer fossem ricos, que pobres. Para todos tinha uma palavra de carinho, de estímulo e interesse.

Ronaldo igualmente tratava bem a todos, mas aos ricos dispensava maior atenção e interesse.

O tempo foi passando, entre estudos, trabalho e sonhos.

Certa tarde de outono Rita encontrava-se como de costume, nas dependências do hospital-escola, atendendo velhinhos cheios de problemas reais e imaginários, quando uma colega entrou apressada na sala:

- Rita, Rita! Você já soube o que aconteceu com o Ronaldo?!

- Não! O que foi?! – responde ela, impressionada com a atitude alarmada da colega.

- Ele foi atropelado ao atravessar uma rua.  Um carro desgovernou-se, subiu na calçada e apanhou Ronaldo em cheio!

- E ele está muito ferido?! Pelo amor de Deus, responda! – exclamou Rita pálida e trêmula.

- Não sei. Acabou de dar entrada lá embaixo! Levaram-no diretamente para a sala de cirurgia!

- Meu Deus! – exclamou Rita e abandonando às pressas a sala, deixando atônito e preocupado o velhinho que estivera consultando, dirigiu-se à sala de cirurgia. Lá chegando, encontrou Ronaldo já sob efeito de anestesia, prestes a ser operado. Consultou o médico, e este opinou:

-Sossegue Ronaldo não corre perigo de morte. Todavia...

- Todavia o que?!

- ficará paralítico. Faremos o possível, mas... Infelizmente ele não vai mais poder se locomover. Vamos operar a fratura exposta na perna, porém, a coluna vertebral foi seriamente atingida, e esta não tem jeito nem conserto!

- Mas, viverá?!

- Oh sim, quanto a isto nada há a temer!  Ele é jovem e vigoroso, e logo se recuperará!

Mais aliviada, Rita assistiu a cirurgia até o final. Tudo transcorreu normalmente, e Ronaldo foi levado ao quarto. Após alguns dias, foi se recuperando pouco a pouco. A noiva cercava-o de todo carinho e atenção. Nada mudara em sua atitude para com o rapaz.

Entretanto, Ronaldo tornou-se triste e desanimado. Através dos conhecimentos médicos que possuía, ao inteirar-se de sua situação clínica, compreendeu imediatamente sua situação futura de paraplégico. E isto o enchia de uma angústia, de um desespero e revolta sem fim. Vivia amargurado. Mesmo recebendo todo o amor e carinho da Rita, nunca sorria, mas uma eterna sombra de melancolia e tristeza cobria-lhe o rosto.

Certo dia, quando Rita lhe segurava carinhosamente as mãos, retirou-as encarando-a com um olhar gelado e disse:

- Rita precisa dizer-lhe algo muito importante: nosso noivado está desfeito! Você está livre para procurar outro companheiro que a faça plenamente feliz, e que realize todos os seus sonhos de mulher. Eu já não os posso realizar, estou paralítico!

Surpresa, Rita respondeu:

- Você duvida do meu amor, não é isto?

- Não, Rita, não torne as coisas mais difíceis para mim! Que futuro eu poderia dar-lhe, que prazer lhe proporcionaria, como paralítico? Você certamente não quererá prender-se por toda a vida a um prisioneiro de cadeira de rodas, não é?!

- Ronaldo, você se lembra daquela nossa conversa “filosófica” sobre o amor? Lembra-se, você achava que o amor era apenas físico, um atributo do nosso corpo, e não da nossa alma?

Ronaldo emudeceu, assentindo com a cabeça.

- Pois bem, aqui está uma oportunidade para você pensar mais profundamente no problema! Quero dizer-lhe uma coisa, igualmente importante quando o amor é mesmo AMOR de verdade, sabe superar todas as dificuldades que surgem. A verdadeira felicidade, meu querido, está na comunhão espiritual das pessoas. O verdadeiro amor é de alma para alma, de coração para coração. Eu te amo muito, muito mesmo! Sua atitude, querendo dissolver o compromisso assumido é uma atitude nobre, a verdadeira felicidade e amor. Hoje em dia a ciência moderna já tem provas irrefutáveis da existência da alma, e mesmo os mais materialistas, como os russos, já se curvam ante a evidência dos fatos. Nós somos ESPÍRITOS, almas imortais, meu querido, e o amor é um atributo dele. Não vou me separar de você, jamais! O aceito assim como você está, se você assim concordar!

Surpreso e emocionado, Ronaldo começou a chorar.

_ Oh Rita, Rita! No íntimo eu não queria perder você! Foi muito duro para eu tomar a decisão que tomei!

- Eu sei! Tenha a certeza de que nada mudou entre nós!

- Você tem mesmo certeza de que me aceita tal qual estou?!

- Plena!

Ronaldo e Rita casaram-se. Ronaldo modificou sua atitude; tornou-se um moço alegre, bondoso e humano.

O casal de médicos era muito querido por toda a grande clientela, pois todos eram tratados com muito amor e carinho.

Ronaldo aprendera a lição; o amor não é um atributo físico do nosso corpo, mas sim do nosso espírito. Trocando energias espirituais de amor, ambos nutriam-se e amparavam-se mutualmente, vivendo uma vida cheia de felicidade e ternura.

 

FILHOS: A MAIORIA confunde AMOR com paixão, desejo egoístico de possuir a pessoa que diz amar. Por isto mesmo costumam dizer MEU marido, MINHA mulher, achando que o companheiro ou a companheira lhes pertence exclusivamente. Ninguém pertence a ninguém; todos somos livres e temos o livre-arbítrio para sermos COMPANHEIROS, irmãos e amigos uns dos outros. Por isto já o apostolo Paulo dizia em sua carta: “o amor não é violento, é manso, tudo compreende, tudo suporta”.

A maioria das uniões trata-se de pessoas que foram unidas para “um acerto de contas”, pessoas com problemas de encarnações anteriores, que o infinito amor de Deus permitiu que se unissem, para “passar uma borracha nos erros do passado”, transformando desacertos e ódios em amor.

Seguindo a norma ensinada por Jesus: “amai-vos uns aos outros” nos tornaremos pessoas verdadeiramente felizes, e modificaremos este mundo de sofrimento e incompreensões no qual vivemos num mundo de felicidade e paz verdadeira.

Só o amor verdadeiro, que brota de nossas almas, torna o homem verdadeiramente “Homem” e plenamente realizado. Isto Jesus não apenas nos ensinou com palavras, mas com o exemplo, amando a todos durante toda a sua vida, até a morte na cruz, quando perdoou seus algozes porque “não sabiam o que estavam fazendo”.

 

 Livro Cartilha da Sabedora – Wilma Stein pelo espírito Vovô Sabino.

 

 

O Reino de Deus

 

“Buscai primeiro o reino de Deus e a Sua justiça, e todas as outras coisas vos serão acrescentada.”

Jesus

 

- Vovô, o que quer dizer “o reino de Deus”, e quais são as “outras coisas” que nos serão acrescentadas? 

  - perguntou José, que estava entretido lendo um folheto.

Seu avô levantou os olhos do jornal, pensou um pouco e respondeu:

- José, “o reino de Deus e a Sua justiça” são os ensinos de Jesus. Muita gente, ou melhor, a maioria dos que se dizem cristãos, até hoje ainda não compreenderam os ensinos de Jesus. Sabe, José, aqueles ensinos que Jesus há 2000 anos legou à humanidade e que hoje parecem antiquados e superados para muitos jovens, continuam transmitindo-nos um código de vivência capaz de tornar-nos pessoas felizes e realizadas na vida.

José olhava o avô sem compreender muito bem o que ele dizia. O avô, percebendo a dificuldade do rapaz, esclareceu:

- Olhe vou contar-lhe uma história para melhor ilustrar o que desejo transmitir a você.


 

Miguel era um jovem robusto e inteligente que trabalhava como auxiliar de padeiro numa grande padaria e confeitaria.

Ele tinha um amigo que era bem o contrário dele: era o filho do dono da padaria.

Artur, assim se chamava o amigo, era rico, mimado e cheio de vontades, um tanto vaidoso e prepotente, mas possuía bons sentimentos. Como amigo era leal e generoso.

Miguel era pobre, tinha que dar duro para ganhar o pão de cada dia. Era humilde e sem maiores ambições, além da de manter uma posição estável na firma, posição que lhe permitisse progredir e aperfeiçoar cada vez mais seus conhecimentos.

Apesar das diferenças sociais, ambos os rapazes eram bons amigos.

Artur costumava perguntar ao amigo se ele não tinha vontade de ficar rico, muito rico, igual a ele, Artur. Miguel respondia com sinceridade:

- Sabe, Artur, a única ambição que eu tenho na vida, é a de aprender cada vez mais, e assim conseguir progredir e ajudar as pessoas que comigo convivem.

Artur respondia:

- Mas Miguel, você é jovem como eu! Na nossa idade o dinheiro é muito importante, e quanto mais facilmente ele vier às nossas mãos, melhor! A gente tem que viver a mocidade, aproveitar a vida! Depois de velho não tem mais graça! No passo em que você vai ficará rica, - isto se o conseguir! – quando já for um homem maduro.

Miguel olhava para Artur e respondia:- Na mocidade é que construímos o alicerce para uma maturidade e velhice feliz. Uma base sólida garante o sucesso da vida no futuro.

- Alicerce?! Base?! Do que é que você está falando, rapaz?! Para mim a “base” da felicidade são os divertimentos, garotas, sexo, que outra base poderia haver?

- Se a gente tiver por base os ensinamentos de Jesus, todas as demais coisas, saúde, amigos, família, estabilidade no emprego para manter um nível de vida normal, sem preocupações, enfim, tudo isto virá numa decorrência natural da vivência destes mesmos ensinos.

- Ora, ora, não sabia que você era carola e igrejeiro!

- Aí é que você se engana! Eu não frequento nenhum culto, não sou filiado a nenhuma igreja!

- Não entendo!

- Sabe, desde pequeno aprendi com meus pais que os ensinos de Jesus têm que ser aceitos com total liberdade, sem estarem amoldados a dogmas ou rituais de qualquer espécie. Nós devemos, em primeiro lugar, alicerçar nossa atitude sobre bases firmes, para que todo o resto do edifício da nossa vida seja sólido e consiga resistir aos embates das dificuldades futuras que irão surgir.

Irônico, Artur respondeu:

- E que ensinos tão diferentes e especiais são esses que nos garantem um futuro feliz e tranquilo?!

- São muito simples, sem complicações;

 Primeiro: Jamais nos esquecermos de que vivemos e respiramos graças à bondade de Deus, devendo, portanto, ser gratos e amar Aquele que nos ampara e sustenta com seu amor, ou seja, Deus;

E segundo: Amar aqueles que estão ao nosso lado, como se todos fossem nossos familiares.

Artur deu por encerrado o assunto, retirando-se preocupado com o amigo, que supunha doente ou “lelé da cuca”.

Os anos correram céleres na ampulheta do tempo.

Miguel, vivendo os ensinos de Jesus, construiu em seu coração um reino de paz e amor. Trabalhava com amor e verdadeiro interesse no que fazia. Tudo realizava com abnegação e boa vontade. Era sempre o primeiro a chegar e o último a sair. Tratava todos com bondade, e para os colegas tinha sempre uma palavra de estímulo, um sorriso encorajador. Notando-lhe a disposição, a honestidade, a boa vontade em trabalhar e aprender, o dono da padaria promoveu-o, confiando-lhe, pouco a pouco, trabalhos mais importantes, e finalmente, a gerência da firma. Apesar do elevado cargo que agora ocupava, tendo melhorado consideravelmente seu ordenado, Miguel continuou o mesmo rapaz alegre e humilde, procurando ajudar e servir tanto o patrão, como seus colegas de trabalho, tratando a todos, desde o mais humilde faxineiro ao chefe, com a mesma bondade e fraternidade.

Artur ausentara-se para prosseguir os estudos em outra cidade. Lá, envolveu-se emocionalmente com colegas da mesma classe social, procurou “gozar a mocidade” ao máximo. Gastou verdadeira fortuna em orgias, causando sérios aborrecimentos e preocupações ao pai, e, finalmente viu sua saúde, seriamente ameaçada e a promoção para classe superior impossibilitada.

O pai mandou busca-lo de volta ao lar par reequilíbrio da sua mente e corpo enfermo.

De volta à cassa paterna, deparou com seu ex-amigo Miguel – porque com sua transferência para a capital, Artur esquecera-se por completo do amigo humilde -, agora guindado à gerência da firma.

O reencontro causou-lhe um choque muito grande, fazendo voltar à realidade. Pensou “ali estava seu amigo”! E realmente Artur lembrou-se das palavras do amigo, Miguel procurara construir em sua alma primeiro o reino do amor – que é o “reino de Deus”, trabalhando com boa vontade! E ali estava o resultado: melhorara de posto, e agora era a pessoa mais importante depois do dono da firma, e além do mais era querido e estimado por todos. “Todas as outras coisas” haviam sido acrescentadas.

E ele, Artur?! Ele não Havia construído nenhuma base solida em sua vida. Vivera uma vida a esmo confiando na fortuna e proteção do pai. Vivera uma vida vazia, despreocupada, de borboleta, voejando do flor em flor, de prazer em prazer, de orgia em orgia, sem pensar em algo mais sério. Sua única preocupação fora “gozar a vida”, gozar a mocidade. Nada tentara construir, idealizar. E qual foi o resultado desta vida desregrada? Estava doente! Noites de insônia e alimentação deficiente acabaram por minar-lhe a resistência jovem. O cérebro já não conseguia assimilar os ensinamentos; na classe dormia frequentemente durante a aula. Não conseguiu mais concatenar bem as ideias. Fora reprovado!

A comparação que fez entre sua vida e a do amigo, fez com que Artur fizesse uma análise acurada, um balanço, um “check-up” moral e espiritual de sua vida até aquele momento.

Artur reformulou seus conceitos e atitude em face da vida. Tomou uma decisão: iria recomeçar tudo, desde o começo, mas desta vez construindo em seu coração, primeiramente um reino de amor, trabalho e perseverança, na certeza de que, desta vez, “as demais coisas” necessárias viriam naturalmente, por acréscimo.

Compreendeu agora, meu neto, o que significa “o reino de Deus e a Sua justiça”? Nunca se esqueça de que, para vivermos sem “grilos”, uma vida plena de sucessos e realizações felizes, torna-se necessário, em primeiro lugar, construir em nosso coração um reino onde só comande o amor e a bondade, e onde a malícia não encontre guarida. Este é o reino de Deus, o reino e nosso Pai comum, síntese de amor supremo, que Jesus veio ensinar-nos.

Todas as outras coisas que necessitamos virão ao nosso encontro naturalmente; nossa mente, nosso pensamento voltado ao bem supremo, atrairá as boas coisas que a vida oferece.

- Agora sim, vovô. Agora entendi o sentido exato das palavras e Jesus!

Wilma Stein pelo espírito Vovô Sabino – livro Cartilha da Sabedoria

sábado, 30 de julho de 2022

A Educação na transformação do mundo

 

A tarefa da Educação Espírita é a formação de um homem novo.

Para construir um mundo novo precisamos de um homem novo. O mundo está cheio de erros e injustiças porque é a soma dos erros e injustiças dos homens. Herculano Pires

 

Livro A Educação na transformação do mundo, por Rita Foelker

quarta-feira, 13 de outubro de 2021

Ressonâncias e Reverberações


 Todos os nossos gestos, todos os nossos atos, todas as nossas palavras, todas as nossas intenções ressoam e reverberam.

...Mas se estiver sentado ou sentada, no seu quarto, na sua casa, e pensar com muita vontade uma coisa, esse pensamento também ressoa e pode atingir alguém em cheio. 


 "Ressoar" é como eu chamo quando nossos gestos, atos, palavras e intenções se espalham na naturalidade do meio sensível e plástico, invisível aos olhos da matéria, onde todos, Espíritos e encarnados, vivemos. Os mínimos pensamentos ressoam, porque este meio é muito sensível, e podem ir loooonge...


“Reverberar" é como eu chamo quando esses gestos, atos, palavras e intenções ressoam dentro dos corações e mentes das outras pessoas, que as multiplicam e fazem continuar ressoando.


Um sorriso e um xingamento ressoam e reverberam, como um bilhete pregado na porta de geladeira, como um e-mail disparado para uma lista. Você pode iniciar um grande movimento social e criar palavras de ordem, atingir muita gente. Mas se estiver sentado ou sentada, no seu quarto, na sua casa, e pensar com muita vontade uma coisa, esse pensamento também ressoa e pode atingir alguém em cheio.


Mas é preciso entender que um gesto, ato, pensamento ou intenção só vão reverberar no meio propício, porque as ondas de ressonância só se espalham onde encontram semelhança, e não vibram em meio distinto. Onde não têm ressonância, seu impacto se parece com um baque seco, que não vibra.


Então, quando você pensa, quer ou faz alguma coisa, o meio em redor pode ser mais ou menos atingido, essa ressonância poderá ir mais perto ou mais longe, durar menos tempo ou mais tempo – ou pode nem acontecer!

O mesmo ocorre com uma pessoa, ela pode ser profundamente impressionada pelo que você diz ou faz, se ela estiver extremamente receptiva a você. Ou pode passar alheia a esta impressão. Dependendo da força da impressão, de sua personalidade e valores, ela pode até ficar profundamente tocada por pensamentos e sentimentos novos que ela irá expandir se tornando um foco de reverberação.


A receptividade dela, por sua vez, tem a ver com o campo das intenções e pensamentos dela, que se reforça nos gestos e palavras dela e reverbera os seus que ela tiver acolhido.



Depois de explicar tudo isso, eu preciso falar da impressionabilidade das crianças, que é muito maior que a dos adultos. 

E elas são assim porque suas resistências emocionais e racionais estão adormecidas, sua vontade está limitada, suas intenções ainda são imaturas, seus gestos e atos ainda não provêm de um pleno arbítrio. 

Ela fica em ligação direta com as vibrações da mãe desde a barriga, uma ligação muito forte que pode se estender ao pai, se o pai também está ligado no processo, mas que reflete a ausência dele, quando ele fica distante, desinteressado.


Enquanto for criança, a sensibilidade está superdesenvolvida. Essa sensibilidade é especialmente permeável aos gestos, atos, pensamentos e intenções dos pais, ou das pessoas que ela assumiu como pai e mãe, porque a família existe para colocar os mais novos sob a autoridade dos mais velhos, os filhos no campo de atuação dos pais, e faz isto pelo bem da renovação dos propósitos espirituais, que ocorre a cada nova existência. Para as crianças, é uma oportunidade inigualável de se refazer. Para os pais, a de permitir um rumo bonito pra aquela encarnação.


Afinal, reencarnar é ganhar uma chance nova, e uma chance só é nova se você abrir mão de velhos equívocos para encarar novas possibilidades, novas relações, novas atitudes. 

A reencarnação é via de progresso porque nela você pode abrir mão de tudo o que fez sofrer no passado, pra ser uma criatura diferente e, assim, criar um novo você.

Para esta construção, os pais e o meio terão enorme influência.


O adulto que aprende isso nunca desprezará o grande poder que seus gestos, atos, palavras e intenções têm sobre as crianças.

Calunga -


sábado, 9 de outubro de 2021

Porque os Adultos se Esquecem que Já Foram Crianças

 O PERIGO DO EXEMPLO  

O comportamento dos adultos, não só em relação às crianças mas também ao redor das crianças, tem sobre elas um poder maior do que geralmente pensamos.



O EXEMPLO É UMA DIDÁTICA VIVA. 
POR ISSO MESMO É PERIGOSO.


Costumamos dizer que as crianças aprendem com facilidade as coisas más e dificilmente as boas. E é verdade. Mas a culpa é nossa e não das crianças. Nossos exemplos exercem maior influência sobre elas do que as nossas palavras. Nosso ensino oral é quase sempre falso, insincero. Ensinamos o que não fazemos e queremos que as crianças sigam as nossas palavras. Mas elas não podem fazer isso porque aprendem muito mais pela observação, pelo contágio social do que pelo nosso palavrório vazio.

Renouvier dizia que aprender é fazer e fazer é aprender.
Nós mesmos, os adultos, só aprendemos realmente alguma coisa quando a fazemos. Na criança o aprendizado está em função do seu instinto de imitação. A menina imita a mãe (e a professora), o menino imita o pai (e o professor). 

De nada vale a mãe e o pai, a professora e o professor ensinarem bom comportamento se não derem o exemplo do que ensinam. 

As palavras entram por um ouvido e saem pelo outro, mas o exemplo fica, o exemplo cala na alma infantil.
Tagore, o poeta-pedagogo da Índia, comparava a criança a uma árvore. Dizia que a criança se alimenta do solo social pelas raízes da espécie, mas também extrai da atmosfera social a clorofila do exemplo. 


O psiquismo infantil é como uma fronde aberta no lar e na escola, haurindo avidamente as influências do ambiente. Responsabilidade espiritual Dois exemplos nos mostram, no passado e no presente, a responsabilidade

J Herculano Pires

Livro Pedagogia Espírita

domingo, 3 de outubro de 2021

AUTISMO POR CHICO XAVIER - Livro À Sombra do Abacateiro - Carlos A. Bacelli

 NUM SÁBADO DE 1981 

A lição que passaremos hoje para o papel, não ocorreu propriamente à sombra do frondoso abacateiro onde, habitualmente, Chico Xavier realiza o culto evangélico, em pleno coração da Natureza. O que iremos narrar, tão fielmente quanto possível, ouvimos num sábado à noite no “Grupo Espírita da Prece”, logo após o contato fraterno com os irmãos que residem nas imediações da “Mata do Carrinho”, o novo local onde as nossas reuniões vespertinas estão sendo realizadas.

 Um casal aproximou-se do Chico; o pai sustentando uma criança de 1 ano e meio nos braços, acompanhado por distinto médico espírita de Uberaba. A mãe permaneceu a meia distância, em mutismo total, embora com alguma aflição no semblante. O médico, adiantando-se, explicou o caso ao Chico: 

a criança, desde que nasceu, sofre sucessivas convulsões, tendo que ficar sob o controle de medicamentos, permanecendo dormindo a maior parte do tempo; em consequência, mal consegue engatinhar e não fala. 

Após dialogarem durante alguns minutos, o Chico perguntou ao nosso confrade a que diagnóstico havia chegado. 

— Para mim, trata-se de um caso de “autismo” — respondeu ele. O Chico disse que o diagnóstico lhe parecia bastante acertado, mas que convinha diminuir os anticonvulsivos mesmo que tal medida, a princípio, intensificasse os ataques. 

Explicou, detalhadamente, as contra-indicações do medicamento no organismo infantil. 

Recomendou passes. 

— Vamos orar - concluiu.

 O casal saiu, visivelmente mais confortado, mas, segurando o braço do médico nosso confrade, Chico explicou a todos que estávamos ali mais próximos: 

— O “autismo” é um caso muito sério, podendo ser considerado uma verdadeira calamidade.

 Tanto envolve crianças quanto adultos...

 Os médiuns também, por vezes, principalmente os solteiros, sofrem desse mal, pois que vivem sintonizados com o Mundo Espiritual, desinteressando-se da Terra...

 “É preciso que alguma coisa nos prenda no mundo, porque, senão, perdemos a vontade de permanecer no corpo...”

 E Chico Xavier exemplificou com ele mesmo: 

- Vejam bem: o que mais me interessa na Terra? A não ser a tarefa mediúnica, nada mais. Dinheiro, eu só quero o necessário para sobreviver; casa, eu não tenho o que fazer com mais uma... Então, eu procuro me interessar pelos meus gatos e meus cachorros. Quando um adoece ou morre, eu choro muito, porque se eu não me ligar em alguma coisa eu deixo vocês. 

Ele ainda considerou que muitos casos de suicídios, têm as suas bases no “autismo”, porque a pessoa vai perdendo o interesse pela vida, inconscientemente deseja retornar a pátria Espiritual, e para se libertar do corpo, que considera uma verdadeira prisão, forçando as portas da saída.

 E o Chico falou ao médico: 

 — É preciso que os pais dessa criança conversem muito com ela, principalmente a mãe. E necessário chamar o Espírito para o corpo... Se não agirmos assim, muitos Espíritos não permanecerão na carne, porque a reencarnação para eles é muito dolorosa... 

Evidentemente que não conseguimos registrar tudo, mas a essência do assunto é o que esta exposto aqui. E ficamos a meditar na complexidade dos problemas humanos e na sabedoria de Chico Xavier.

 Quando ele falava de si, ilustrando a questão do “autismo”, sentimo-lo como um pássaro de luz encarcerado numa gaiola de ferro, renunciando à paz da grande floresta para entoar canções de imortalidade aos que caíram invigilantes, no visgo do orgulho ou no alçapão da perturbação. 

Nesta noite, sem dúvida, compreendemos melhor Chico Xavier e o admiramos ainda mais. De fato, pensando bem, o que é que pode interessar na Terra, a não ser o trabalho missionário em nome do Senhor, ao Espírito que já não pertence mais à sua faixa evolutiva?! 

O espírito daquela criança sacudia o corpo que convulsionava, na ânsia de libertar-se... Sem dúvida era preciso convencer o Espírito a ficar... Tentar dizer-lhe que a Terra não é tão cruel assim... Que precisamos trabalhar pela melhoria do homem.

Extraído do livro Livro À Sombra do Abacateiro - Carlos A. Bacelli

O QUE CHICO XAVIER FALA SOBRE O CULTO DO EVANGELHO NO LAR?

 Sempre o ouvimos recomendar a prática do culto do Evangelho no lar.

Em certa ocasião, um amigo queixou-se a ele que, na noite consagrada ao culto do Evangelho em sua casa, era um verdadeiro transtorno:

o telefone não parava de tocar;

os meninos se atritavam;

problemas elétricos provocavam princípio de incêndio nos aparelhos domésticos...

Ele pedia uma orientação.

Deveria mudar o dia do culto?

Após escutá-lo,Chico respondeu:

- "Meu filho, mantenha o dia do culto e, nos demais dias da semana, reúna informalmente a família para orar. Faça um culto informal nos outros seis dias da semana, pois não há espírito obsessor que seja tão persistente.."


Extraído do livro O Evangelho de Chico Xavier de Carlos A Bacelli

DECÁLOGO PARA ESTUDOS EVANGÉLICO

 


1. Peça a inspiração divina e escolha o tema evangélico destinado aos estudos e comentários da noite.
2. Não fuja ao espírito do texto lido.
3. Fale com naturalidade.
4. Não critique, a fim de que a sua palavra possa construir para o bem.
5. Não pronuncie palavras reprováveis ou inoportunas, suscetíveis de criar imagens mentais de tristezas, ironia, revolta ou desconfiança.
6. Não faça leitura, em voz alta, além de cinco minutos, para não cansar aos ouvintes.
7. Converse ajudando aos companheiros, usando caridade e compreensão.
8. Não faça comparações, a fim de que seu verbo não venha a ferir alguém.
9. Guarde tolerância e ponderação.
10. Não retenha indefinidamente a palavra; outros companheiros precisam falar na sementeira do bem.

André Luiz 
Psicografia de Francisco Cândido Xavier - Livro Juntos Venceremos
 
"Quando no lar são levantada paredes espirituais com substâncias sublimes do amor, dedicação e ligação com Jesus, isolando o lar da atmosfera miasmática da crosta, somente entram, nesse ambiente, Espíritos autorizados, mesmo assim, aqueles que o guardam, terão de abrir a porta"

 

Espírito André Luiz - livro Os mensageiros - Francisco Cândido Xavier

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