“Quando a geração for educada nas crenças espíritas, ver-se-á outra juventude, mais estudiosa e menos turbulenta”, asseverou o Codificador. (Revue Spirite de 1862, p. 267).
Mais de cento e cinquenta anos passados, esta afirmação de
Kardec continua a fazer todo o sentido.
Importa, por isso, não perder a oportunidade de
refletir sobre as questões da educação
das nossas crianças e jovens e sobre os contributos que a Doutrina Espírita
poderá trazer à atual geração.
Consideremos, em primeiro lugar, algumas afirmações e
conceitos com que nos deparamos nos tempos que correm, e que, para sermos
francos, não difere muito do que se ouviu comentar noutros tempos sobre outras
gerações de jovens. Por todo o lado, ouvimos que esta juventude está cada vez
mais perdida; que os jovens só pensam nos seus prazeres, não querem estudar nem
trabalhar; que já não é como antigamente, não respeitam nem teme ninguém; que o
mundo caminha cada vez mais para o materialismo; que a falta de valores morais
alastra de uma forma cada vez mais destrutiva...
Se fosse esse o nosso intuito, encheríamos páginas com
considerações deste gênero. Mas, será realmente assim? Estará, efetivamente, a
juventude a degradar-se? Os valores atuais estarão mais degradados,
efetivamente, quando comparados com os do passado?
Se lançarmos um olhar atento sobre o passado histórico da
Humanidade, talvez cheguemos à conclusão de que, se por um lado, a época atual
oferece um sem número de avanços tecnológicos e científicos que nos
proporcionam um bem-estar nunca antes alcançado, contribuindo, de certa forma, para que o materialismo,
ilusoriamente, pareça encerrar, por si só, solução para tudo, por outro lado,
não podemos deixar de perceber o quão a Humanidade tem progredido no sentido
moral, humanizando-se ao longo da longa caminhada desde os primórdios até à
atualidade.
Nem poderia ser de outro modo.
Quem somos nós, os que por aqui andamos hoje? Quem são as
nossas crianças e os nossos jovens? Seres acabados de sair da mãos do Criador?
Certamente que não. O Espiritismo esclarece-nos que somos seres em evolução, em
trânsito pela escola terrena, numa longa caminhada rumo à perfeição. A
Humanidade de hoje é a Humanidade de ontem; será ainda a Humanidade do futuro.
Os nossos filhos e alunos, a quem nos cabe educar e encaminhar para Deus, são,
provavelmente, os nossos pais e professores de outras vidas, a quem já coube
também a tarefa de nos educar a nós. Serão ainda os nossos companheiros de
jornada, no futuro, em que seremos educandos e educadores, num intercâmbio de
saberes e experiências, rumo à construção de um mundo melhor, em sintonia com
as leis do Pai, que preveem a felicidade que apenas será plena, na medida em
que trabalhemos para o bem-estar comum.
Perca/ ausência de valores? Não podemos esquecer que, dizem-nos
os Espíritos, estão atualmente reencarnados no planeta irmãos a que está a se
dada talvez, a última oportunidade de repensarem os seus valores, as suas
atitudes, crescer espiritualmente em companhia de quem já conseguiu algum
progresso nesse sentido.
Esses irmãos, para além de, se a isso se decidirem, colherem
o benefício das lições que a vida atual faculta, serem também de instrumento
para cultivar o amor, o perdão, a tolerância, a caridade, a todos os que estão,
por assim dizer, um passinho à frente na caminhada.
Nas Leis Divinas nada se perde, tudo se encadeia; tudo está
previsto para que todos possamos colher os maiores benefícios nesta jornada
comum.
Neste contexto, não devemos estranhar a grande disparidade
de valores com que hoje nos deparamos. É uma situação passageira, própria da
época de separação do trigo do joio, anunciada pelo Mestre. Porque é disso que
se trata, realmente.
Vivemos tempos cruciais, para a evolução não só individual,
mas principalmente deste mundo de expiações e provas em vias de se tornar mundo
de regeneração.
Quanto mais investirmos na educação da presente geração,
mais estaremos a contribuir para um mundo
mais equilibrado, mais feliz, mais consciente, mais harmonizado com a
Espiritualidade Superior.
Onde ir buscar a inspiração para tão grandiosa tarefa?
Herculanos Pires, no seu livro Pedagogia Espírita, dá-nos a resposta: “O Livro
dos Espíritos é um manual de Educação
Integral oferecido à Humanidade para a sua formação moral e espiritual na
Escola da Terra.”
Retomando a afirmação de Allan Kardec, com que iniciamos
esta reflexão, quando entendemos e interiorizarmos o seu tríplice aspecto
(científico, filosófico e moral) , quando nos empenhamos em educar as crianças
e os jovens de acordo com os princípios ali apresentados, e os vivenciarmos sem
reservas, estará dado um grande passo na construção de um futuro que, não
podemos deixar de lembrar, será o nosso, já que temos de colher o que hoje semeamos.
Quem somos, de onde vimos, para onde vamos, qual a
finalidade de aqui estarmos, o que acontece quando a vida do corpo finda, que
não estamos sós no Universo, que todo o efeito tem uma causa e toda a sementeira terá
obrigatoriamente uma colheita, tantas e tantas questões que sempre ocuparam e
preocuparam a Humanidade, e a que as religiões e filosofias nunca souberam
responder devidamente, no Livro dos
Espíritos são abordadas de uma forma simples e acessível a todos os que queiram
estudar de espírito aberto e boa vontade.
Ao Livro dos Espíritos juntemos O Evangelho Segundo o
Espiritismo, e teremos um valioso roteiro a iluminar-nos a caminhada.
Estudemos e pratiquemos porque a verdadeira educação só se
faz pelo exemplo. E não esqueçamos que ninguém dá o que não tem.
Ninguém educa os outros se, antes de mais, não se educa a si
mesmo.
por
Maria de Lurdes Duarte
|
Fonte: http://www.oconsolador.com.br/ano12/591/ca5.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigada por sua mensagem. Será publicada após aprovação.