Muitas vezes, a tarefa de Evangelização Espírita Infantojuvenil não é percebida com o devido valor e importância, dentre as atividades desenvolvidas nos Centros Espíritas. Perpassando pelo estudo doutrinário para adultos, palestra, explanação do Evangelho, fluidoterapia, reuniões mediúnicas, atendimento fraterno, entre outras, as atividades de Evangelização podem parecer, para muitos, uma mera tarefa de cuidar das crianças ou entreter os jovens, enquanto os adultos participam de outras atividades na Casa.
Ledo engano para esses que ainda não conhecem a dimensão das atividades do Departamento de Infância e Juventude dentro de um Centro Espírita, para o Movimento Espírita e para a sociedade em geral.
Dentro de uma visão atual e abrangente, conforme nos propõe Cezar Braga Said, a evangelização tem como finalidade o desenvolvimento da Espiritualidade com vistas à formação do homem de bem – precursor da aristocracia intelecto-moral.1 Ou seja, a atividade de evangelizar crianças e jovens, sob a ótica Espírita, tem como objetivo primordial o desenvolvimento da percepção de si mesmo enquanto Espírito imortal, na busca da vivência cotidiana da Espiritualidade, maneira pela qual será possível formar verdadeiramente homens de bem, precursores de uma Nova Era, em que inteligência e moralidade caminhem lado a lado, como regra comum de bem proceder e transformadora da sociedade.
Observando a grandiosidade da tarefa de evangelizar é possível logo perceber que ela não poderá ser confiada para pessoas despreparadas, apenas com boa vontade e gosto pelo trabalho com jovens e/ou crianças. Muito pelo contrário, é tarefa que requer, além da boa vontade, a busca de aprimoramento contínuo para atuação consciente enquanto evangelizador, demonstrando comprometimento com o trabalho assumido.1
Nesse aspecto, queremos destacar a importância do conhecimento das bases doutrinárias do Espiritismo como requisito fundamental para qualquer tarefa que se assuma no Centro Espírita, mas aqui, em especial, para o Evangelizador Espírita. Tendo o Espiritismo como princípio basilar a proposição do uso da fé raciocinada, pressupõe que devemos crer somente naquilo que tenha feito sentido para a nossa razão, que esteja conforme o nosso entendimento e a nossa compreensão. Percebemos então que não podemos crer, verdadeiramente, naquilo que desconhecemos ou que conhecemos de forma superficial.
Nessa linha de raciocínio, não podemos conceber que alguém assuma uma atividade de divulgação de princípios em que não acredita ou não compreende por inteiro. Ou seja, o Evangelizador é um divulgador da Doutrina Espírita e, para tal, deve estar preparado para transmitir, com fidelidade, conteúdos e conceitos que baseiam todo o conhecimento que permitirá uma visão e compreensão ampliada acerca da vida, suas relações e suas consequências, conforme nos permite o Espiritismo.
Aprofundando um pouco mais nossa reflexão, verificamos que através do estudo sério das obras básicas da Codificação teremos a oportunidade de identificação com os princípios espíritas, que nos permitirá criar uma identidade verdadeiramente espírita e, a partir daí, construir um padrão de vida e conduta neles pautados, construir um paradigma espírita de visão de mundo e de vida.
Alcançando esse patamar, estaremos em consonância com a reflexão de Allan Kardec, quando afirma que reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar suas inclinações más.2
Seremos, então, bons espíritas, realizando um trabalho digno de divulgadores do Espiritismo.
No trabalho prático, enquanto Evangelizadores, estaremos capacitados a escolher adequadamente temas a serem estudados nos encontros de Evangelização, selecionaremos com apurado critério as fontes de pesquisa que embasarão nossas atividades, estaremos motivados a buscar o aperfeiçoamento necessário para aprimorar recursos pedagógicos a serem utilizados e, em especial, desenvolveremos, pouco a pouco, conduta exemplar que se refletirá, sem sombra de dúvida, em motivação transformadora para os nossos evangelizandos.
Seremos referenciais de seguidores do Cristo, que trabalham com dedicação e alegria para a implantação do Seu Reino, na Terra.
Referências:
1 SAID, Cezar Braga. Os desafios da Evangelização Espírita. Curitiba: FEP, 2018. cap. 13.
2 KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. 131. ed. Brasília: FEB, 2013. cap. XVII, item 4.
Fonte http://www.mundoespirita.com.br/?materia=o-evangelizador-e-a-base-doutrinaria
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