sexta-feira, 19 de agosto de 2022

O Reino de Deus

 

“Buscai primeiro o reino de Deus e a Sua justiça, e todas as outras coisas vos serão acrescentada.”

Jesus

 

- Vovô, o que quer dizer “o reino de Deus”, e quais são as “outras coisas” que nos serão acrescentadas? 

  - perguntou José, que estava entretido lendo um folheto.

Seu avô levantou os olhos do jornal, pensou um pouco e respondeu:

- José, “o reino de Deus e a Sua justiça” são os ensinos de Jesus. Muita gente, ou melhor, a maioria dos que se dizem cristãos, até hoje ainda não compreenderam os ensinos de Jesus. Sabe, José, aqueles ensinos que Jesus há 2000 anos legou à humanidade e que hoje parecem antiquados e superados para muitos jovens, continuam transmitindo-nos um código de vivência capaz de tornar-nos pessoas felizes e realizadas na vida.

José olhava o avô sem compreender muito bem o que ele dizia. O avô, percebendo a dificuldade do rapaz, esclareceu:

- Olhe vou contar-lhe uma história para melhor ilustrar o que desejo transmitir a você.


 

Miguel era um jovem robusto e inteligente que trabalhava como auxiliar de padeiro numa grande padaria e confeitaria.

Ele tinha um amigo que era bem o contrário dele: era o filho do dono da padaria.

Artur, assim se chamava o amigo, era rico, mimado e cheio de vontades, um tanto vaidoso e prepotente, mas possuía bons sentimentos. Como amigo era leal e generoso.

Miguel era pobre, tinha que dar duro para ganhar o pão de cada dia. Era humilde e sem maiores ambições, além da de manter uma posição estável na firma, posição que lhe permitisse progredir e aperfeiçoar cada vez mais seus conhecimentos.

Apesar das diferenças sociais, ambos os rapazes eram bons amigos.

Artur costumava perguntar ao amigo se ele não tinha vontade de ficar rico, muito rico, igual a ele, Artur. Miguel respondia com sinceridade:

- Sabe, Artur, a única ambição que eu tenho na vida, é a de aprender cada vez mais, e assim conseguir progredir e ajudar as pessoas que comigo convivem.

Artur respondia:

- Mas Miguel, você é jovem como eu! Na nossa idade o dinheiro é muito importante, e quanto mais facilmente ele vier às nossas mãos, melhor! A gente tem que viver a mocidade, aproveitar a vida! Depois de velho não tem mais graça! No passo em que você vai ficará rica, - isto se o conseguir! – quando já for um homem maduro.

Miguel olhava para Artur e respondia:- Na mocidade é que construímos o alicerce para uma maturidade e velhice feliz. Uma base sólida garante o sucesso da vida no futuro.

- Alicerce?! Base?! Do que é que você está falando, rapaz?! Para mim a “base” da felicidade são os divertimentos, garotas, sexo, que outra base poderia haver?

- Se a gente tiver por base os ensinamentos de Jesus, todas as demais coisas, saúde, amigos, família, estabilidade no emprego para manter um nível de vida normal, sem preocupações, enfim, tudo isto virá numa decorrência natural da vivência destes mesmos ensinos.

- Ora, ora, não sabia que você era carola e igrejeiro!

- Aí é que você se engana! Eu não frequento nenhum culto, não sou filiado a nenhuma igreja!

- Não entendo!

- Sabe, desde pequeno aprendi com meus pais que os ensinos de Jesus têm que ser aceitos com total liberdade, sem estarem amoldados a dogmas ou rituais de qualquer espécie. Nós devemos, em primeiro lugar, alicerçar nossa atitude sobre bases firmes, para que todo o resto do edifício da nossa vida seja sólido e consiga resistir aos embates das dificuldades futuras que irão surgir.

Irônico, Artur respondeu:

- E que ensinos tão diferentes e especiais são esses que nos garantem um futuro feliz e tranquilo?!

- São muito simples, sem complicações;

 Primeiro: Jamais nos esquecermos de que vivemos e respiramos graças à bondade de Deus, devendo, portanto, ser gratos e amar Aquele que nos ampara e sustenta com seu amor, ou seja, Deus;

E segundo: Amar aqueles que estão ao nosso lado, como se todos fossem nossos familiares.

Artur deu por encerrado o assunto, retirando-se preocupado com o amigo, que supunha doente ou “lelé da cuca”.

Os anos correram céleres na ampulheta do tempo.

Miguel, vivendo os ensinos de Jesus, construiu em seu coração um reino de paz e amor. Trabalhava com amor e verdadeiro interesse no que fazia. Tudo realizava com abnegação e boa vontade. Era sempre o primeiro a chegar e o último a sair. Tratava todos com bondade, e para os colegas tinha sempre uma palavra de estímulo, um sorriso encorajador. Notando-lhe a disposição, a honestidade, a boa vontade em trabalhar e aprender, o dono da padaria promoveu-o, confiando-lhe, pouco a pouco, trabalhos mais importantes, e finalmente, a gerência da firma. Apesar do elevado cargo que agora ocupava, tendo melhorado consideravelmente seu ordenado, Miguel continuou o mesmo rapaz alegre e humilde, procurando ajudar e servir tanto o patrão, como seus colegas de trabalho, tratando a todos, desde o mais humilde faxineiro ao chefe, com a mesma bondade e fraternidade.

Artur ausentara-se para prosseguir os estudos em outra cidade. Lá, envolveu-se emocionalmente com colegas da mesma classe social, procurou “gozar a mocidade” ao máximo. Gastou verdadeira fortuna em orgias, causando sérios aborrecimentos e preocupações ao pai, e, finalmente viu sua saúde, seriamente ameaçada e a promoção para classe superior impossibilitada.

O pai mandou busca-lo de volta ao lar par reequilíbrio da sua mente e corpo enfermo.

De volta à cassa paterna, deparou com seu ex-amigo Miguel – porque com sua transferência para a capital, Artur esquecera-se por completo do amigo humilde -, agora guindado à gerência da firma.

O reencontro causou-lhe um choque muito grande, fazendo voltar à realidade. Pensou “ali estava seu amigo”! E realmente Artur lembrou-se das palavras do amigo, Miguel procurara construir em sua alma primeiro o reino do amor – que é o “reino de Deus”, trabalhando com boa vontade! E ali estava o resultado: melhorara de posto, e agora era a pessoa mais importante depois do dono da firma, e além do mais era querido e estimado por todos. “Todas as outras coisas” haviam sido acrescentadas.

E ele, Artur?! Ele não Havia construído nenhuma base solida em sua vida. Vivera uma vida a esmo confiando na fortuna e proteção do pai. Vivera uma vida vazia, despreocupada, de borboleta, voejando do flor em flor, de prazer em prazer, de orgia em orgia, sem pensar em algo mais sério. Sua única preocupação fora “gozar a vida”, gozar a mocidade. Nada tentara construir, idealizar. E qual foi o resultado desta vida desregrada? Estava doente! Noites de insônia e alimentação deficiente acabaram por minar-lhe a resistência jovem. O cérebro já não conseguia assimilar os ensinamentos; na classe dormia frequentemente durante a aula. Não conseguiu mais concatenar bem as ideias. Fora reprovado!

A comparação que fez entre sua vida e a do amigo, fez com que Artur fizesse uma análise acurada, um balanço, um “check-up” moral e espiritual de sua vida até aquele momento.

Artur reformulou seus conceitos e atitude em face da vida. Tomou uma decisão: iria recomeçar tudo, desde o começo, mas desta vez construindo em seu coração, primeiramente um reino de amor, trabalho e perseverança, na certeza de que, desta vez, “as demais coisas” necessárias viriam naturalmente, por acréscimo.

Compreendeu agora, meu neto, o que significa “o reino de Deus e a Sua justiça”? Nunca se esqueça de que, para vivermos sem “grilos”, uma vida plena de sucessos e realizações felizes, torna-se necessário, em primeiro lugar, construir em nosso coração um reino onde só comande o amor e a bondade, e onde a malícia não encontre guarida. Este é o reino de Deus, o reino e nosso Pai comum, síntese de amor supremo, que Jesus veio ensinar-nos.

Todas as outras coisas que necessitamos virão ao nosso encontro naturalmente; nossa mente, nosso pensamento voltado ao bem supremo, atrairá as boas coisas que a vida oferece.

- Agora sim, vovô. Agora entendi o sentido exato das palavras e Jesus!

Wilma Stein pelo espírito Vovô Sabino – livro Cartilha da Sabedoria

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