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sexta-feira, 25 de março de 2011
Fósforos de Cor
Lendo uma historinha ...
Andando pela rua, Laurinha ia remoendo seus pensamentos. Estava chateada porque desejava muito um vestido novo que tinha visto numa loja e não podia comprar.
Pediu à mãe, insistiu, implorou, mas a resposta tinha sido sempre a mesma:
— Não, minha filha. Não temos dinheiro agora. Quem sabe em outra ocasião?
A garota bateu o pé, exigente:
— Não. Quero agora! Depois, aquele vestido não estará mais na loja. E ele é lindo, mamãe. Eu quero, quero e quero!
— Pois não o terá, Laurinha. No momento estou com pouco dinheiro e não posso gastar o que tenho para atender um capricho seu.
A menina chorou, fez birra, bateu o pé, gritando inconformada: — Mas eu quero!
Porém, apesar de toda a pressão de Laurinha, a mãe não cedeu, continuando firme. Ela falou com o pai, julgando que seria mais fácil. Aproximou-se dele dengosa, como sempre fazia quando desejava alguma coisa, sentou-se no seu colo e pediu, com voz suplicante:
— Papai, eu posso comprar um vestido que vi na loja? É lindo!
Todavia, a resposta foi a mesma: Não. Laurinha foi para o quarto amuada, chorou, mas teve que se conformar porque os pais não iriam mudar de idéia.
Alguns dias depois, Laurinha amanheceu com febre. Dona Isabel, cuidadosa e preocupada, não permitiu que a filha fosse à escola, obrigando-a a permanecer na cama. Como a febre não diminuísse, a mãe levou Laurinha ao médico. Ela estava com princípio de pneumonia. Por mais de uma semana, a garota ficou na cama, tomando remédios e reclamando por não poder sair de casa e ir à escola.
— Vou ficar boa logo, mamãe? — perguntava ela. — A festa junina da escola está se aproximando e não quero faltar!
— Vamos ver. Depende de você, minha filha. Se tomar os remédios direito, ficar de repouso na cama, quem sabe?
Aquela semana custou a passar. Laurinha, embora inconformada, teve que obedecer. Para passar o tempo, jogava damas com os amigos, via televisão, e, quando estava sozinha, lia, lia muito.
Ela, que nunca tinha se interessado muito por leituras, leu livros que falavam das coisas que são realmente importantes em nossa vida e que devemos valorizar, como a família, a saúde, a educação.
Ao mesmo tempo, Laurinha não pode deixar de notar que seus pais estavam gastando bastante com ela: tinham que pagar a consulta médica, comprar remédios e até uma alimentação melhor que ela estava precisando para se recuperar. Preocupada perguntou à mãe:
— Mamãe, a senhora disse que estava sem dinheiro e agora está tendo que gastar tanto comigo! Onde arrumou dinheiro?
— É que a saúde, minha filha, é muito importante para nós e para isso sempre daremos um jeito. É diferente de comprar uma roupa, que não é necessária e podemos passar sem ela.
Uma semana depois, a garota estava diferente, mais tranqüila, mais serena.
Chegou o dia da festa junina da escola.
Laurinha, recuperada, arrumou-se e foi toda feliz para a festa encontrar com os colegas e amigos.
Lá, passeando entre os postes iluminados, as barracas enfeitadas, as bandeirinhas, ela olhou para a mãe, sorridente e disse:
— Sabe, mamãe, aprendi muito nesses dias. Aprendi que existem coisas que são realmente importantes. Como a saúde, por exemplo. Fiquei brava por não conseguir comprar aquela roupa nova que eu desejava tanto, mas agora nem me lembro mais dela!
Olhando uma colega que riscava fósforos de cor, ela explicou:
— Aprendi que tem coisas na vida que são como fogos de artifício: depois de queimar, não sobram nada. São belos, luminosos, coloridos, mas é só para um momento. Não duram.
Parou de falar, olhou para a mãe com olhar carinhoso e agradecido, completando:
— Mas o amor, este dura para sempre.
TIA CÉLIA
Fonte: O Consolador - Revista Semanal de Divulgação Espírita
Autora: Célia Xavier Camargo
Agradecomento à carolina Von Scharten
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