sábado, 5 de março de 2011

O Ricaço Distraído.


Avarento !

Lendo uma historinha ...

Existiu um homem devoto que chegou ao Céu e, sendo recebido por um Anjo do Senhor, implorou, enlevado :
- Mensageiro Divino, que devo fazer par vir morar, em definitivo, ao lado de Jesus ?
-  Fazê o bem - informou o Anjo - e voltou mais tarde.
- Posso rogar-te recursos para semelhante missão ?
- Pede o que desejas.
- Quero dinheiro, muito dinheiro, para socorrer o meu próximo.
O emissário estranhou o pedido e considerou :
- Nem sempre o ouro é o auxílio mais eficiente para isso.
- Penso, contudo, meu santo amigo, que, sem o ouro, é muito difícil praticar a caridade.
- E não temes as tentações do caminho ?
- Terás o que almejas - afirmou o mensageiro -, mas não te esqueças de que o tesouro de cada homem permanece onde tem o coração, porque toda alma reside onde coloca o pensamento. Tuas possibilidades materiais serão multiplicadas. No entanto, não ouvides que as dádivas, quando retidas despropositadamente pelo homem, sem qualquer proveito pra os semelhantes, transformam-no em prisioneiro delas. A lei determina sejamos escravos dos excessos a que nos entregamos.
Prometeu o homem exercer a caridade, servir extensamente e retornou ao mundo.
Os Anjos da Prosperidade começaram, então, a ajudá-lo.
Multiplicaram-lhe, de inicio, as peças de roupa e os pratos de alimentação; todavia, o devoto já remediado suplicou mais roupas e mais alimentos. Deram-lhe casa e haveres. Longe, contudo, de praticar o bem, considerava sempre escassos os dons que possuía e rogou mais casas e mais haveres. Trouxeram-lhe rebanhos e chácaras, mas o interessado em subir ao paraíso pela senda da caridade, temendo agora a miséria, implorou mais rebanhos e mais chácaras. Não cedia um quarto, nem dava uma sopa a ninguém, declarando-se sem recursos para auxiliar os necessitados e esperava sempre mais, a fim de distribuir algum pão com eles. No entanto, quanto mais o Céu lhe dava, mais exigia do Céu.
De espontâneo e alegre que era, passou a ser desconfiado, carrancudo e arredio.
Receando amigos e inimigos, escondia grandes somas em caixa forte, e quando envelheceu, e todo, veio a morte, separando-o da imensa fortuna.
Com surpresa, acordou em espírito, deitado no cofre grande.
Objetos preciosos, pedaços de ouro e prata e vastas pilhas de cédula usadas serviam-lhe de leito. Tinha fome e sede, mas não podia servir-se das moedas; queria a liberdade, porém, as notas de banco pareciam agarrá-lo, à  maneira do visgo retentor de pássaro cativo.
- Santo Anjo ! - gritou, em pranto - vem ! Ajuda-me a partir, em direção à Casa Celestial ! ...
O mensageiro dignou-se baixar até ele e, reparando-lhe o sofrimento, exclamou :
- É muito tarde para súplicas ! Estas sufocado pela corrente de facilidades materiais que o Senhor te confiou, porque a fizeste rolar tão-somente em torno de ti, sem qualquer benefício para os irmãos de luta e experiência ...
- E que devo fazer - implorou o infeliz - para retomar a paz, pensou ... e respondeu :
- Espalha com proveito as moedas que ajuntastes inultimente, desfaze-te da terra vasta que retiveste em vão, entrega à circulação do bem todos os valores que recebestes do Tesouro Divino e que amontoaste em derredor de teus pés, atendendo ao egoísmo, à vaidade, à avareza e à ambição destrutiva e, depois disso, vem a mim para retomarmos o entendimento efetuado há sessenta anos ...
Reconhecendo, porém, que  o homem que ja não dispunha de um corpo de carne para semelhante serviço, começou a gritar e blasfemar, como se o inferno estivesse morando em sua própria consciência.
Extraído do livro Alvorada Cristã -Neio Lúcio - psicografado por Chico Xavier.

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