sábado, 26 de março de 2011

O Sonho de Laurinho


Lendo uma historinha ...

Laurinho tinha apenas oito anos, mas era muito vivo e inteligente.
Certo dia, na escola, ele ouviu a professora falar sobre a existência da “alma” explicando que ela é imortal e, por isso, já existia antes desta vida e continuaria existindo após a morte do corpo. Para finalizar, a professora, que era espírita, completou:
— O sono é um estado muito parecido ao da morte, porque o espírito se desprende do corpo e vai para onde quiser. A diferença é que, do sono, acordamos todas as manhãs; e, quando ocorre a morte do corpo material, o espírito não volta mais a habitar aquele corpo de carne.
Laurinho escutou com muita atenção e ficou preocupado com as palavras da professora.
Na verdade, não entendia direito como isso poderia acontecer. Aliás, nem sabia se acreditava em “espírito”.
— Será que temos mesmo uma alma ou espírito? — perguntou.
— Nós não temos uma alma ou espírito, Laurinho. “Nós somos” o espírito — respondeu a professora.
Laurinho estava surpreso. Ele nunca ouvira ninguém falar sobre esse assunto!
Assim, voltou pensativo e cheio de dúvidas para casa, e o resto do dia não conseguiu pensar em outra coisa.
À noite, fez uma pequena oração para Jesus, que a mãe ensinara, e deitou-se. Não demorou muito, estava dormindo.                        
Algum tempo depois, Laurinho acordou. Sentiu sede e levantou-se para beber água.
Reconhecia-se mais leve, bem disposto. Ao olhar para o leito, levou um susto. Viu um outro Laurinho dormindo.
Como poderia estar em dois lugares ao mesmo tempo?!...
Lembrou-se, então, do que a professora havia ensinado.
— Que legal! Então, este é meu corpo espiritual e estou fora do corpo de carne!
Achando graça da situação, saiu do quarto e caminhou pela casa. Seus pais ainda estavam acordados e Laurinho viu a mãe fazendo tricô e o pai lendo um livro em sua cadeira de balanço preferida.
Foi até a cozinha beber água, mas não conseguiu segurar o copo, pois sua mão passava por ele sem conseguir pegá-lo.
Viu seu gatinho Xuxu que estava ronronando num canto da cozinha e resolveu brincar com ele.
— Xuxu! Xuxu! — chamou.
O gatinho acordou, sonolento. Laurinho aproximou-se e passou as mãos no animalzinho que, eriçando os pêlos, miou e correu a esconder-se no quarto de despejo no meio de um monte de roupas, como se estivesse com medo.
Laurinho resolveu deixar Xuxu em paz e voltar para o quarto.
Ao passar pela sala, viu o vovô Carlos ao lado de sua mãe. O avô, sorridente, disse:
— Cuide de sua mãe para mim, Laurinho. Diga a ela que estou muito bem.
O menino, já com sono, voltou para o quarto e deitou-se.
No dia seguinte, Laurinho despertou cedo para ir à escola. Trocou de roupa e foi até a cozinha onde sua mãe acabava de preparar o café.
Sentaram-se. A senhora comentou, enquanto colocava café na xícara:
— Que estranho! Não sei onde está o seu gatinho. Sempre que sentamos à mesa para as refeições, Xuxu se aproxima para ganhar alguma coisa. Estou acordada há horas e ele ainda não apareceu.
Naquele momento, Laurinho lembrou-se do sonho que tivera e afirmou:
— Eu sei onde ele está.
Levantou-se, foi até o quarto de despejo, abriu a porta e Xuxu saiu se espreguiçando todo.
— Como você sabia que ele estava lá? — Perguntou o pai, curioso.
Laurinho contou o sonho que teve à noite, deixando os pais surpresos. Depois continuou:
— E tem mais. O vovô Carlos, que estava na sala ao seu lado, mamãe, pediu-me que cuidasse de você e que lhe dissesse que ele está muito bem.
Emocionada, a senhora, cujo pai tinha morrido há alguns meses, exclamou:
— Mas, seu avô Carlos já morreu, meu filho!
— Pois eu o vi bem vivo, mamãe. E nem me lembrei que ele já estava morto.
Os pais de Laurinho não continham a satisfação e se abraçaram, percebendo que algo de muito grandioso ocorrera àquela noite.
Eles, que não acreditavam em nada, sentiam agora uma nova esperança em seus corações, graças ao sonho de seu filho Laurinho.
E o menino, de olhos arregalados, disse:
— E não é que minha professora tem razão? A morte não existe!...

                                                 Tia Célia
    
Fonte: O Consolador - Revista Semanal de Divulgação Espírita
Autora: Célia Xavier Camargo
Agradecimento à Carolina Von Scharten

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