segunda-feira, 1 de outubro de 2012

A CRIANÇA OBSIDIADA


Suely C. Schubert
“Aliás, não é racional considerar-se a infância como um estado normal de inocência.
Donde a precoce perversidade, senão da inferioridade do Espírito, uma vez que a educação em nada contribuiu para isso?”(O Livro dos Espíritos, Allan Kardec questão 199-a.)
Não se vê em crianças dotadas dos piores instintos, numa Idade em que ainda nenhuma influência pode ter tido a educação?
Crianças obsidiadas suscitam em nós os mais profundos sentimentos de solidariedade e comiseração.
Tal como acontece ante as demais enfermidades que atormentam as crianças, também
sentimos ímpetos de protegê-las e aliviá-las, desejando mesmo que nada as fizesse sofrer.
Pequeninos seres que se nos apresentam torturados, inquietos, padecentes de enfermidades
impossíveis de serem diagnosticadas, cujo choro aflito ou nervoso nos condói e impele à
prece imediata em seu benefício, são muita vez obsidiados de berço. Outros se apresentam
sumamente irrequietos, irritados desde que abrem os olhos para o mundo carnal. Ao
crescer, apresentar-se-ão como crianças-problema, que a Psicologia em vão procura
entender e explicar.
São crianças que já nascem aprisionadas — aves implumes em gaiolas sombrias —,
trazendo nos olhos as visões dos panoramas apavorantes que tanto as inquietam. São
reminiscências de vidas anteriores ou recordações de tormentos que sofreram ou fizeram
sofrer no plano extrafísico, antes de serem encaminhadas para um novo corpo. Conquanto a
nova existência terrestre se apresente difícil e dolorosa, ela é, sem qualquer dúvida, bem
mais suportável que os sofrimentos que padeciam antes de reencarnar.
O novo corpo atenua bastante as torturas que sofriam, torturas estas que tinham as suas
nascentes em sua própria consciência que o remorso calcinava. Ou no ódio e revolta em que
se consumiam.
E as bênçãos de oportunidades com que a reencarnação lhes favorece poderão ser a tão
almejada redenção para essas almas conturbadas.
A Misericórdia Divina oferecerá a tais seres instantes de refazimento, que lhes chegarão por
vias indiretas e, sobretudo, reiterados chamamentos para que se redimam do passado,
através da resignação, da paciência e da humildade.
(...)
Crianças que padecem obsessões devem ser tratadas em nossas instituições espíritas através
do passe e da água fluidificada, e é imprescindível que lhes dispensemos muita atenção e
amor, a fim de que se sintam confiantes e seguras em nosso meio. Tentemos cativá-las com
muito carinho, porque somente o amor conseguirá refrigerar essas almas cansadas de
sofrimentos, ansiando por serem amadas.
Fundamental, nesses casos, a orientação espírita aos pais, para que entendam melhor a
dificuldade que experimentam, tendo assim mais condições de ajudar o filho e a si próprios,
visto que são, provavelmente, os cúmplices ou desafetos do pretérito, agora reunidos em
provações redentoras. Devem ser instruídos no sentido de que façam o Culto do Evangelho
no Lar, favorecendo o ambiente em que vivem com os eflúvios do Alto, que nunca falta
àquele que recorre à Misericórdia do Pai.
A criança deve ser levada às aulas de Evangelização Espírita, onde os ensinamentos
ministrados dar-lhe-ão os esclarecimentos e o conforto de que tanto carece.
(...)
Extraído do livro Obsessão/Desobsessão - Suely C. Schubert cap. 12

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