É tempo de consciência e ação, já sabemos quem somos; de onde viemos e para
que viemos. Não há mais o que temer. Nossa existência é marcada por fases, todas entrelaçadas e de
grande importância, e o nosso destino é caminhar, desenvolver, iluminar.
Tudo aquilo que não conhecemos,
tememos, é natural, faz parte de nossa Natureza. Por isso muitas vezes passamos
décadas fugindo de nosso dever, nos escondendo nas ilusões da vida, até que a
vida se encarrega de nos dar o amadurecimento, aquela frase tão conhecida e tão temido por tantos - a vida ensina - Em
contrapartida, tudo aquilo que conhecemos nos traz segurança. Esse é o nosso convite,
se conheça, estude, busque o entendimento que cada fase da vida requer de você
e com certeza seu caminhar será amenizado, se sentirá mais feliz. E poderá
ajudar ao próximo com suas experiências. Esse é o convite de Jesus.
Leia esse texto interessante de Joanna de Angelis
e reflita como é rica essa fase da adolescência e juventude. Aproveite-a com
sabedoria.
Elaine Saes
O ADOLESCENTE: POSSIBILIDADES E LIMITES
Na quadra primaveril da adolescência tudo parece fácil,
exatamente pela falta de vivência da realidade humana. O adolescente examina o
mundo através das lentes límpidas do entusiasmo.
A vida é um conjunto de possibilidades que se apresentam
para ser experimentadas, facultando o crescimento intelecto-moral dos seres.
Para o jovem sonhador, que tudo vê róseo, há muitos caminhos a percorrer, que
exigem esforços, bom direcionamento de opções e sacrifício.
Assim, as possibilidades do adolescente estão no
investimento que ele aplica para a conquista do que traça como objetivo. Nesse
período, tem-se pressa, ansioso pelos voos que pretende desferir, pensa que as
suas aspirações podem ser transformadas em realidade de um para outro momento,
e, quando isso não ocorre, deixa-se abater por graves frustrações e desânimo.
No entanto através desse vaivém de alegria e desencanto passa a entender que os
fenômenos existenciais independem das suas imposições, decorrido de muitos
fatores que se conjugam para oferecer resultado correspondente.
Nessa sucessão de contrários, amadurece-lhe a capacidade de
compreensão e aprimora-se a faculdade de planejar, auxiliando-o a colocar os
pés no chão sem a perda do otimismo, que é fator decisivo para o prosseguimento
das aspirações e da sua execução contínua.
Face à constituição da vida, não basta anelar e querer, mas
produzir e perseverar. Esse meio de levar adiante os planos acalentados
demonstra que há limites em todos os indivíduos, que não podem ser
ultrapassados, e que se apresentam na ordem social, moral, econômica, cultural,
científica, enfim, em todas as áreas dos painéis existenciais.
Os acontecimentos são conforme ocorrem e não consoante
gostariam que se sucedessem. A sabedoria, que decorre das contínuas lutas,
demonstra que se deve realizar o que é possível, aguardando o momento oportuno
para novos cometimentos. Especificamente, cada dever tem o seu lugar e não é
lícito assumir diversos labores que não podem ser executados de uma só vez.
A própria organização física, constitui limite para todos os
indivíduos. O limite se encontra na capacidade das resistências físicas, moral
e mental, que constituem os elementos básicos do ser humano, e no enfrentamento
com os imperativos da sociedade, da época em que se vive etc.
Certamente, há homens e mulheres que se transformaram em
exceção, havendo pagado pesados ônus de sacrifício, graças ao qual abriram à
História páginas e incomparável beleza. Simultaneamente, também, houve aqueles
que mergulharam no fundo abismo do desencanto, deixando-se dominar por
terríveis angústias que lhes estiolaram a alegria de viver e os maceram,
levando-os a estados profundamente perturbadores, porque não possuíam essas
energias indispensáveis para as conquistas que planejaram.
Ao moço compete o dever de aprender as lições que lhe
chegam, impregnando-se das suas mensagens e abrindo novos espaços para o
futuro.
Quando arrebatado pelo entusiasmo, considerar que há tempo
para semear como o há para colher; quando deprimido, liberar-se das sombras
pelo esforço de acender as regiões onde brilha a luz da esperança,
compreendendo que a marcha começa no primeiro passo, assim como o discurso mais
inflamado tem início na primeira palavra. Todas as coisas exigem planificação e
tentativa. Aquele que se recusa experimentar, já perdeu parte do
empreendimento. Não há por que recear o insucesso. Esse medo da experimentação
já é, em si mesmo, uma forma de fracasso. Arriscar-se, no bom sentido do termo,
é intensificar os esforços para produzir, mesmo que, aparentemente, tudo esteja
contra. Não realizando, não tentando, é claro que as possibilidades são
infinitamente menores. Sempre vence aquele que se encontra alerta, que labora
que persiste.
A atitude de esperar que tudo aconteça em favor próprio é
comodidade injustificável; e deixar-se abater pelos pensamentos pessimistas,
assim como pelas heranças auto-depreciativas, significa perder as melhores
oportunidade de crescimento interior e exterior, que se encontram na
adolescência. Esse é o momento de programar; é o campo de experimentação.
Quando o jovem começa a delinear o futuro não significa que
haja logrado a vitória ou perdido a batalha, apenas está traçando rotas que o
levarão a um ou a outro resultado, ambos de muito valor na sua aprendizagem, em
torno da vida na qual se encontra.
A perseverança e o idealismo sem excesso responderão pelo
empreendimento iniciado. O adolescente não deve temer nunca o porvir, porquanto
isso seria limiar as aspirações, nem subestimar as lições do cotidiano, que lhe
devem constituir mensagens de advertência, próprias para ensinar-lhe como
conseguir os resultados Superiores.
Assim, nesse período de formação de identificação consigo
mesmo, a docilidade no trato, à confiança nas realizações a gentileza na
afetividade, o trabalho constante, ao lado do estudo que se aprimora os valores
e desenvolve a capacidade de entendimento, devem ser o programa normal de vivenciar
os prazeres, os jogos apaixonantes do desejo, as buscas intérminas do gozo
cedem lugar aos compromissos iluminativos que desenham a felicidade na alma e
materializam-na no comportamento.
Ser jovem não é, somente, possuir forças orgânicas,
capacidade de sonhar e de produzir, mas, sobretudo, poder discernir o que
precisa ser feito, como executá-lo e para que realizá-lo.
A escala de valores pessoais necessita ser muito bem
considerada, a fim de que o tempo não seja empregado de forma caótica em
projetos de secundária importância, em detrimento de outros labores primaciais,
que constituem a primeira meta existencial, da qual decorrerão todas as outras
realizações.
São infinitas, portanto, as possibilidades da vida,
limitadas pelas circunstâncias, pelo estágio de evolução de cada homem e de cada
mulher, que devem, desde adolescentes, programar o roteiro da evolução e seguir
com segurança, etapa a etapa, até o momento de sua auto-realização.
Joanna de Angelis
Adolescência e Vida – Joana de Angelis – Divaldo Pereira - cap.
6 – O adolescente: possibilidades e limites
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