sábado, 13 de junho de 2015

Fatos da Infância


Pai, o elefante era pequeno. Então, ele cresceu e saiu voaaando.
Mas filha, como elefante voa? Ele não tem asas! – indaga a lógica paterna.
Ah, pai, é só uma estória. (Ana, cinco anos)

A infância surge como um período de preparação para o modo adulto de conhecer e pensar, segundo um ideário que aspira à autonomia com significação – uma resposta natural ao apelo humano para evoluir.
Embora sejam fatos cada vez mais cotidianos, sobretudo no Ocidente, as agendas cheias de compromissos da criança das classes média e alta, a precocidade dos comportamentos sexuais, os atos de violência praticados por crianças, levando à abreviação (ou mesmo fim) da infância, é possível, felizmente, identificar a criança, o seu devir, nos dias atuais: ela se mantém viva nas meninazinhas que brincam nos balanços dos parques urbanos; está atuante sob a irritação dos bebês superprotegidos pela parafernália eletrônica; resiste alegre no usufruto de um barco construído com caixa de papelão por dois meninos em uma casa de uma cidade qualquer; na invencionice de uma estorinha contada por uma menina de tranças à professora, ambas sentadas em um vasto gramado de um jardim de infância.
Mais do que nunca, especialmente no primeiro setênio, a criança precisa ter liberdade de movimento, de brincadeiras livres, desfrutar dia a dia de um ambiente amplo e lúdico, cujas ferramentas pedagógicas estimulam a (sua) criatividade. E tudo isso como um saudável início de um processo que desempenhará um papel determinante mais à frente na prontidão para escrever e ter uma linguagem de gestos e da escrita bem fortalecida, além de um pensar vivo...
Como o início da vida humana é marcado por impulso e reflexo que se movimentam sem coordenação, é vital oferecer nos primeiros anos um caminho pedagógico movido por um intuito de alimentar o físico, o emocional, o intelectual e o social da criança, respeitando os ritmos de seu desenvolvimento.
Todavia, para a saúde futura do indivíduo, o processo educacional não deve antecipar desafios cognitivos desnecessários ou propor uma aprendizagem estimulada por condutas antissociais, ciente o educador (e os responsáveis pela criança) de que a própria Natureza age para que possamos aprender e, desse modo, é seguro observar a natureza de cada criança para errar menos no (seu) processo de educar.

As crianças são nosso futuro. Mas o que estamos a oferecer às crianças?

Nesta época de vazio e desespero, de escassa coragem, é preciso assegurar à infância uma vivência ativa das percepções, elemento importante para as futuras escolhas e decisões e, por isso, dentro de casa e na escola, os dois universos de referência nos primeiros anos de vida, pais e professores, precisam perceber que a competitividade, o sucesso e a fama não servem como referenciais educativos para o prelúdio da existência.




 http://www.oconsolador.com.br/ano9/418/eugenia_pickina.html

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