"O fator essencial para reconhecer o valor da família está na capacidade de sentir o bem e retribuí-lo.Valorizar a família, à primeira vista, parece se fácil. Recuperemos as primeiras lembranças de que temos: quase sempre, vamos pensar nas brincadeiras infantis, ambiente afetuoso, do carinho da mãe, da atenção do pai, das brincadeiras entre irmãos. E se lembramos de broncas e castigos, concluímos com nosso raciocínio de adulto que muitas advertências nos ensinaram limites e nos fizeram compreender o que é dever, carência, respeito, prudência.
Quando crianças, ao sermos contrariados, fazíamos "birra".
Alguém, insistiu conosco, não uma, mas mil vezes, para aprendermos"
São conceitos abstratos, mas necessários para "uma criança virar gente". como se dizia antigamente.
Mais difícil é quando não temos boas lembranças. Se faltou um dos pais ou ambos, seja presencialmente, seja no cumprimento de seu papel. Ainda assim, com mais esforço, vamos situar em outras pessoas a condição de educadores e apoiadores necessários ao nosso desenvolvimento. Avós, tios, primos ou irmãos mais velhos, consanguíneos ou não, podem ser referências importantes para nossas vidas.
Quem cresceu com total ausência destas referências teve muito mais dificuldades e sua vida, precisando encontrar em seu próprio íntimo as forças para construir a si mesmo como ser humano adulto e em condições de compreender e cumprir sua missão na vida. Mas, às vezes, quem teve tudo, só vem a dar o devido valor quando sofre as perdas que a vida impõe.
Não há dúvida que os conceitos que o Espiritismo trouxe sobre a vida ajudam a melhorar o nível do aproveitamento de nossa existência, pois aprendemos que estamos vivos para evoluir e que isso significa desenvolver a alma, em seus potenciais mentais e emocionais. O fator "reencarnação" auxilia a compreender melhor as situações de exceção, porém não se pode dizer que é indispensável para valorizar a família. Sem dúvida, ajuda, e muito. Porém são bilhões de almas encarnadas em jornada evolutiva na situação de encarnados que não receberam tal informação e que nascem, crescem, desenvolvem-se e, portanto, evoluem.
O fator essencial para reconhecer o valor da família está na capacidade de sentir o bem e retribuí-lo. Quando crianças, ao sermos contrariados, fazíamos "birra", chorando, batendo o pé no chão, chutando coisas. Alguém, pai, mãe ou couto com esta função, insistiu conosco, não uma, mas "mil vezes", para aprendermos. Talvez o tenhamos deixado quase louco, testando sua paciência, mas dentro de nós, aprendemos a identificar quando uma atitude tem como finalidade o nosso bem. Isso é aprendizado, modificação, evolução enfim.
A frase já é conhecida: amor é o que o amor faz. O que a família - ou diversas pessoas na vida que cumpriram esse papel - nos fez e continua nos fazendo é a verdadeira medida do amor para cada um de nós. E isso se desdobra ao longo do tempo, quando chega nossa vez de criar uma família. Pode ser que nos unamos a outra pessoa, para formar um lar, que venham os filhos e os desafio de educa-los. Pode ser que venhamos a assumir a extraordinária missão de adotá-los. Que tenhamos que criar filhos sem um companheiro/companheira.
Ou ainda que venhamos a ser pais substitutos de filhos de outras famílias que se aproximaram de nós pela mais diversas razões.
As possibilidades são infinitas, mais tais situações da vida aparecem para nosso aprendizado e crescimento. Nem sempre vamos acertar, ao contrário, costumamos errar muito pensando que estamos certos. Porém, a direção mais segura continua sendo a regra áurea: amar ao próximo como a si mesmo. Pode ser que, em nossa mente, essa frase tão sábia seja ouvida como chavão, porque a ouvimos muitas vezes, Mas atenção: lembremos de nós mesmos, de quem somos, de que já vivemos para valorizar nossas atitudes como parte da família de alguém na vida.
Texto de Eduardo Miyashiro - Diretor-geral da Aliança
Extraido O TREVO - Aliança Espírita Evangélica numero 462
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