Um novo mandamento vos dou:
que vos amei uns aos outros. Jesus
Fala-se muito em amor atualmente, nas novelas, no cinema, em
toda parte.
Filhos, neste mundo em que vivemos muita coisa, mas muita
coisa mesmo tem-se feito em nome do amor. Muitas vezes estas coisas não são
corretas; confunde-se muito a palavra AMOR. Sabem, houve uma época em que se
faziam guerras “por amor a Jesus”. Muito sangue e muitas lágrimas foram
derramadas “em nome de Deus”.
Meus filhos, Deus é amor. E o amor é uma coisa muito bonita,
alegre e forte. Diz-se que é possível “matar por amor”. Que coisa feia, vocês
não acham? Como pode alguém que ama de verdade, matar, destruir, ferir a pessoa
que ela ama?!
Olhem, para vocês entenderem melhor, eu vou contar uma
história.
Vocês gostam de histórias, não é mesmo? Pois bem, então
ouçam.
Rita ficara órfã aos cinco anos de idade. Era uma menina
magrinha miudinha. Não era muito bonita, mas era simpática. Tinha sempre um
sorriso alegre para todos, e seus olhos refletiam uma alma boa e sincera, embora
um pouco triste e sonhadora. Ela tinha ainda mais seis irmãos maiores do que
ela; Rita era a caçula da família. Desde pequena aprendera a trabalhar e ajudar
a irmã mais velha que cuidava da casa. Todos gostavam da Rita. De manhã
arrumava a casa direitinho, enxugava a louça do almoço, e depois ia à escola. O
grande sonho de Rita era ser médica. Mas, como pagar os estudos? A família era
tão pobre! Com o tempo, como Rita era inteligente, conseguiu uma bolsa de
estudos. Quando sobrava um tempo, ela fazia bordados, e com isso ganhava
dinheiro para as despesas escolares, e ainda ajudava a família.
O pai, que se tornara um homem triste desde que a esposa
falecera, sentia-se orgulhoso da Rita. Costumava dizer:
- Esta menina tem fibra, vai longe!
Assim trabalhando e estudando, Rita tornou-se uma moça
delicada, querida por todos.
Através de uma entidade filantrópica conseguiu uma bolsa de
estudos que lhe permitiu ingressar na faculdade de medicina.
Rita estudou e trabalhou muito. No último ano de estudos,
Rita dava a todos muito amor, muito carinho. Gostava mesmo era de tratar dos
velhinhos. Coitados! Estavam sempre tão tristes carentes de carinho! Pareciam
crianças grandes!
Rita havia conhecido um moço, colega de faculdade, que se
chamava Ronaldo. O moço era igualmente de origem humilde. ‘
Ronaldo era ambicioso, isto é, queira formar-se logo para
ganhar dinheiro e ser rico. Costumava dizer à Rita:
- Sabe, eu quero ganhar muito dinheiro e ser rico logo,
assim nós poderemos ter a nossa casa, um carro, para podermos passear, enfim,
para podermos gozar os prazeres da vida!
Rita costumava olhá-lo preocupada e respondia:
- Ronaldo, o dinheiro não é tudo na vida de um casal. Para
mim o mais importante é o amor. Só o amor constrói a felicidade!
- É, mas sem dinheiro, o amor acaba logo, meu bem! Quando o
estômago está vazio, quando temos preocupações financeiras, tchau amor! Tchau
amor!
- Ronaldo, não seja tão materialista assim! O verdadeiro
amor é um sentimento do nosso espírito, da nossa alma, independente das coisas
físicas!
- Ora, ora Rita, corta essa! Acorda mulher, você está
sonhando demais criatura! Acorda, desperte para a realidade!
- Então, Ronaldo, você não me ama de verdade!
- É claro que sim! Ora essa, por que você acha que não?
- Porque você só gosta do meu físico, da minha aparência
exterior, não da minha alma!
Ronaldo olhou-a surpreso e embaraçado.
- Ora... Eu gosto muito de você como você é assim charmosa,
simpática, com este corpinho bem feito, saudável. Quanto a sua “alma”, nunca
pensei nisto! Acho isto de “espírito”, “amor de almas”, uma coisa de há muito
superada! Hoje, o que conta é aquilo que se vê, que se sente, o que é concreto,
não as coisas ditas “espirituais” que são duvidosas e abstratas!
- Que horror, Ronaldo! Você é materialista, só crê nas
coisas físicas, não espirituais?!
- sou realista, apenas isto! A ciência abre-nos os olhos
para as coisas reais, palpáveis, verificáveis através de provas de experiências
de laboratório! Você sabe disto tão bem quanto eu!
- Você vê as coisas por um lado, o material, o físico. Mas
além do mundo das sensações físicas existe outro mundo, muito mais importante e
real, o mundo espiritual, o mundo dos sentimentos e eternos. Bem entendido,
quanto se trata de bons sentimentos, do amor. O amor não é apenas “sensação
física”, mas sim, um sentimento que vem da nossa alma, do nosso espírito eterno
e imortal!
Ronaldo sorriu, e dando o assunto por encerrado, abraçou-a
dizendo:
- Chega de filosofia por hoje, tá?
Rita tratava com carinho e interesse os doentes que a procuravam,
quer fossem ricos, que pobres. Para todos tinha uma palavra de carinho, de
estímulo e interesse.
Ronaldo igualmente tratava bem a todos, mas aos ricos
dispensava maior atenção e interesse.
O tempo foi passando, entre estudos, trabalho e sonhos.
Certa tarde de outono Rita encontrava-se como de costume,
nas dependências do hospital-escola, atendendo velhinhos cheios de problemas
reais e imaginários, quando uma colega entrou apressada na sala:
- Rita, Rita! Você já soube o que aconteceu com o Ronaldo?!
- Não! O que foi?! – responde ela, impressionada com a
atitude alarmada da colega.
- Ele foi atropelado ao atravessar uma rua. Um carro desgovernou-se, subiu na calçada e
apanhou Ronaldo em cheio!
- E ele está muito ferido?! Pelo amor de Deus, responda! –
exclamou Rita pálida e trêmula.
- Não sei. Acabou de dar entrada lá embaixo! Levaram-no
diretamente para a sala de cirurgia!
- Meu Deus! – exclamou Rita e abandonando às pressas a sala,
deixando atônito e preocupado o velhinho que estivera consultando, dirigiu-se à
sala de cirurgia. Lá chegando, encontrou Ronaldo já sob efeito de anestesia,
prestes a ser operado. Consultou o médico, e este opinou:
-Sossegue Ronaldo não corre perigo de morte. Todavia...
- Todavia o que?!
- ficará paralítico. Faremos o possível, mas... Infelizmente
ele não vai mais poder se locomover. Vamos operar a fratura exposta na perna,
porém, a coluna vertebral foi seriamente atingida, e esta não tem jeito nem
conserto!
- Mas, viverá?!
- Oh sim, quanto a isto nada há a temer! Ele é jovem e vigoroso, e logo se recuperará!
Mais aliviada, Rita assistiu a cirurgia até o final. Tudo
transcorreu normalmente, e Ronaldo foi levado ao quarto. Após alguns dias, foi
se recuperando pouco a pouco. A noiva cercava-o de todo carinho e atenção. Nada
mudara em sua atitude para com o rapaz.
Entretanto, Ronaldo tornou-se triste e desanimado. Através
dos conhecimentos médicos que possuía, ao inteirar-se de sua situação clínica,
compreendeu imediatamente sua situação futura de paraplégico. E isto o enchia
de uma angústia, de um desespero e revolta sem fim. Vivia amargurado. Mesmo
recebendo todo o amor e carinho da Rita, nunca sorria, mas uma eterna sombra de
melancolia e tristeza cobria-lhe o rosto.
Certo dia, quando Rita lhe segurava carinhosamente as mãos,
retirou-as encarando-a com um olhar gelado e disse:
- Rita precisa dizer-lhe algo muito importante: nosso
noivado está desfeito! Você está livre para procurar outro companheiro que a
faça plenamente feliz, e que realize todos os seus sonhos de mulher. Eu já não
os posso realizar, estou paralítico!
Surpresa, Rita respondeu:
- Você duvida do meu amor, não é isto?
- Não, Rita, não torne as coisas mais difíceis para mim! Que
futuro eu poderia dar-lhe, que prazer lhe proporcionaria, como paralítico? Você
certamente não quererá prender-se por toda a vida a um prisioneiro de cadeira
de rodas, não é?!
- Ronaldo, você se lembra daquela nossa conversa “filosófica”
sobre o amor? Lembra-se, você achava que o amor era apenas físico, um atributo
do nosso corpo, e não da nossa alma?
Ronaldo emudeceu, assentindo com a cabeça.
- Pois bem, aqui está uma oportunidade para você pensar mais
profundamente no problema! Quero dizer-lhe uma coisa, igualmente importante
quando o amor é mesmo AMOR de verdade, sabe superar todas as dificuldades que
surgem. A verdadeira felicidade, meu querido, está na comunhão espiritual das pessoas.
O verdadeiro amor é de alma para alma, de coração para coração. Eu te amo
muito, muito mesmo! Sua atitude, querendo dissolver o compromisso assumido é
uma atitude nobre, a verdadeira felicidade e amor. Hoje em dia a ciência
moderna já tem provas irrefutáveis da existência da alma, e mesmo os mais
materialistas, como os russos, já se curvam ante a evidência dos fatos. Nós
somos ESPÍRITOS, almas imortais, meu querido, e o amor é um atributo dele. Não
vou me separar de você, jamais! O aceito assim como você está, se você assim
concordar!
Surpreso e emocionado, Ronaldo começou a chorar.
_ Oh Rita, Rita! No íntimo eu não queria perder você! Foi
muito duro para eu tomar a decisão que tomei!
- Eu sei! Tenha a certeza de que nada mudou entre nós!
- Você tem mesmo certeza de que me aceita tal qual estou?!
- Plena!
Ronaldo e Rita casaram-se. Ronaldo modificou sua atitude;
tornou-se um moço alegre, bondoso e humano.
O casal de médicos era muito querido por toda a grande
clientela, pois todos eram tratados com muito amor e carinho.
Ronaldo aprendera a lição; o amor não é um atributo físico
do nosso corpo, mas sim do nosso espírito. Trocando energias espirituais de
amor, ambos nutriam-se e amparavam-se mutualmente, vivendo uma vida cheia de
felicidade e ternura.
FILHOS: A MAIORIA confunde AMOR com paixão, desejo egoístico
de possuir a pessoa que diz amar. Por isto mesmo costumam dizer MEU marido,
MINHA mulher, achando que o companheiro ou a companheira lhes pertence
exclusivamente. Ninguém pertence a ninguém; todos somos livres e temos o
livre-arbítrio para sermos COMPANHEIROS, irmãos e amigos uns dos outros. Por
isto já o apostolo Paulo dizia em sua carta: “o amor não é violento, é manso,
tudo compreende, tudo suporta”.
A maioria das uniões trata-se de pessoas que foram unidas
para “um acerto de contas”, pessoas com problemas de encarnações anteriores,
que o infinito amor de Deus permitiu que se unissem, para “passar uma borracha
nos erros do passado”, transformando desacertos e ódios em amor.
Seguindo a norma ensinada por Jesus: “amai-vos uns aos
outros” nos tornaremos pessoas verdadeiramente felizes, e modificaremos este
mundo de sofrimento e incompreensões no qual vivemos num mundo de felicidade e
paz verdadeira.
Só o amor verdadeiro, que brota de nossas almas, torna o
homem verdadeiramente “Homem” e plenamente realizado. Isto Jesus não apenas nos
ensinou com palavras, mas com o exemplo, amando a todos durante toda a sua
vida, até a morte na cruz, quando perdoou seus algozes porque “não sabiam o que
estavam fazendo”.
Livro Cartilha da
Sabedora – Wilma Stein pelo espírito Vovô Sabino.