sábado, 24 de novembro de 2018

MOISE RECEBE OS MANDAMENTOS DA LEIS DE DEUS



Extraído do livro De Jesus para as crianças de Bittencourt Sampaio - cap.2

Num meio dissoluto (contrário aos bons costumes) e idólatra (pessoa que admira exageradamente), seguindo, no entanto as leis do monoteísmo, crendo em um único Deus Verdadeiro e Soberano, passou a infância e fez-homem o grande Moisés, cujo nome em hebraico que dizer – salvo das águas.
Ramsés, o Faraó, respeitando os sentimentos magnânimos da princesa sua filha, acolhe em seu palácio o filho de Amram, na idade em que se poderia desenvolver o seu espírito; e, como lhe descobrisse uma inteligência precoce e vivaz, judicioso que era todos os seus atos, incumbe à sabedoria dos grandes da sua pátria a educação do menino hebreu. Fácil foi Moisés, sempre inspirado, compreender e desenvolver a ciência dos egípcios.

E, às horas do crepúsculo, ao descerem as colinas, conduzindo ao aprisco seus rebanhos, maravilhavam-se os pastores de quase sempre encontrarem aquela criança, que se esquivava aos brincos (brincadeiras) infantis, para absorver-se em funda meditação, como se já fora um velho, que no tédio da vida antevisse outra existência mais feliz.

Feito homem, chocavam-se lhe no espírito dois sentimentos extraordinários.

As lágrimas e gemidos dos de sua raça lhe feriam fundo o coração bondoso, exaltando lhe o altivo ânimo. Os penosíssimos trabalhos a que, para florescência dos campos e esplendor da cidade, eram condenados seus irmãos, lhe despertavam na alma uma tempestade de revoltas, que a custo a sua gratidão conseguia sufocar.

Quantas vezes não lhe passou pela mente o desejo impetuoso de sublevar os seus, quebrando por uma vez o jugo que os oprimia! Mas, às negras sombras, que por momentos lhe povoavam o cérebro, sucedia logo e logo a doce e serena luz da gratidão que lhe inundava a alma, trazendo-lhe plácido remanso a essas paixões.

Lembrava-se então de Termutis, a sua salvadora! Tudo suportaria, contanto que a princesa não sofresse a mais pequenina dor causada pela criancinha das águas!

E, com seus irmãos, estudava e padecia; assim, porém, que a morte, segundo a linguagem humana, tirou das vistas de Moisés o seu anjo protetor, como ele mesmo a apelidava, fala-lhe ao coração o espírito da raça, surge nele o homem impetuoso e ardente que busca por todos os meios a libertação dos filhos de Israel.

Alma experimentada ao calor das batalhas, que mais de uma vez fora levada, por gratidão à sua salvadora, a pelejar contra os Etíopes, ele encara sem temor a luta que se vai travar, não se arreceando das derrotas, porque tem fé no seu Deus, o Deus de seus pais, o Único Deus perante o qual cairão todos os ídolos (ver na Bíblia Isaías 45:21-23).

Depois de repetidas violências praticadas contra os pobres escravizados, encontra Moisés um dia, na estrada, possante egípcio infligindo a um hebreu dura castigo. Revolta-se e, não podendo conter-se, como que para dar começo a essa tremenda campanha de liberdade, de luz e de fé, que em prol de sua raça ia travar, lança-se de permeio, servindo de ante mural ao israelita, e mata (não há na linguagem humana outra palavra) mata o covarde.

Amedrontado, porém, pelo que fizera e tendo certeza de uma represália, foge depois de lançar sua vítima a um barranco arenoso. Dias depois, de toda a cidade foi sabido o feito de Moisés; seus próprios irmãos, aqueles mesmos por cuja liberdade ele se batia, severamente o exprobravam (lançar censura a, repreender, criticar).

Manifesta-se assim o gênio arrebatado daquele que mais tarde devia ditar leis, fazendo-se conhecido como o único homem que naquela época, afrontando uma sociedade sanguinária e dissoluta, sem Deus e sem crenças verdadeiras, seria capaz de levantar seus irmãos à sua divina origem – o seio do Criador!

Divulgado o fato, ordens severas foram dadas para a prisão do estrangeiro que, em sangue egípcio, ousara ensopar o berço da escravidão. Moisés, que era médium, recebe a intuição do seu Guia, retira-se para a casa de Jetro, seu futuro sogro; e aí, procurando sempre aproveitar toda a sua existência no trabalho, providencialmente se encarrega dos rebanhos de seu sogro, passando nesse mister dias inteiros, na solidão das florestas, guiando o gado às melhores pastagens.

Numa dessas jornadas, ao cair da tarde, caminha Moisés de volta a penates (lar, família), quando, junto à base do Monte Horéb sente a queda de um raio cobrindo-se de fluidos luminosos e espessa floresta de sarças (planta), que se lhe afigura arder em rubras chamas.

- Será, porventura, o Senhor que me vem falar pela voz do raio e pela luz que baixa do céu, pergunta Moisés!? E, prostrado, atento o ouvido na solidão do monte, aguarda a palavra do Senhor.
Diz-nos a Sagrada História, meus filhinhos, que a essa lugar deserto descera Deus, a fim de dar a Moisés as primeiras instruções para a libertação do seu povo; hoje, porém, com mais verdade, afirma-nos a Nova Revelação (o Espiritismo, a Terceira Revelação ou Consolador Prometido) que um Espírito, por ordem do Senhor, baixara a terra e, aproveitando as mediunidades do grande legislador hebreu, o iniciara no carreiro da redenção dos míseros cativos, cuja raça descendia de altos espíritos (ver o livro A caminho da Luz, cap. 7), que em espírito e verdade já tinham compreendido Deus, seu Criador, abandonando os cultos de Baál e de Moloch e demais divindades criadas pela simples fantasia do homem.

Deus, não, meus filhos, mas um Espírito superior, igual a esses que a todos os momentos da vossa vida podereis encontrar, desde que vos souberdes colocar em condições de senti-los, assim falou a Moisés, no monte Horéb: 

- Vai a Faraó e, em meu nome, pede-lhe a libertação de tua raça. Se as crianças já foram condenadas ao extermínio, por serem filhas de hebreus, que lhe importa abrir mão desses infelizes que há tantos anos sofrem o pesado jugo de tão ferrenha servidão?

- Mas, Senhor, diz Moisés, ele não me dará crédito; e, em nome de quem, devo falar-lhe?

-Eu sou Aquele (ver Êxodo 3:14 na Bíblia) que é, responde-lhe a voz.

Depois de muito meditar e de muita hesitação, como que buscando uma evasiva ao alto empreendimento que lhe era ordenado, pergunta ainda o salvo das águas:

- Como poderei convencer ao povo de que sou por vós enviado? – Sou tartamudo (dificuldade para falar), Senhor, e à minha palavra negastes as vibrações capazes de persuadir àqueles a quem me vou dirigir!

Responde-lhe o Anjo do Senhor: - procura teu irmão Aarão; ele será a palavra, tu os prodígios. – Ouve a minha voz e cumpre o teu dever!

Após o desaparecimento desse maravilhoso quadro por Moisés testemunhado, junto ao monte Horéb, entrega-se o grande legislador a profundo meditar, dando tratos à imaginação, cogitando como desempenharia a missão de que fora encarregado.

Ele bem conhecia o caráter dos israelitas, caráter que fora adquirido no convívio de um povo todo entregue à idolatria e à dissolução dos costumes. Avaliando a dureza da alma do Faraó e a grandeza do seu reino, tinha a certeza de que as palavras de um estrangeiro dificilmente por aquele seriam atendidas. Despertando da sua meditação, orou fervorosamente e voltou à sua tenda; aí por largo tempo permaneceu, tomado de grande exaltação, até que um dia, pelos enviados do Senhor avisado da morte do rei do Egito seu inimigo, resolve-se a cumprir as ordens que recebera, pondo-se a caminho.

Aarão, por sua vez prevenido também pelo seu anjo da guarda, lhe vem ao encontro e dos seus lábios ouve a revelação de tudo que com ele se passara no monte Horéb. Dirigem-se ambos para o Egito e, aí chegando, pede Moisés uma audiência ao rei, para obter a liberdade dos seus concidadãos.

Como servo humilde, rojasse-lhe aos pés, suplicando em prantos a libertação dessa oprimida raça a que pertencia. O Faraó Segundo, o novo rei, meus filhinhos, admirado da ousadia do estrangeiro, lhe pergunta com que autoridade penetra em seu palácio par fazer-lhe tais súplicas; Moisés, respondendo como lhe fora ordenado pelo divino enviado, fala em nome do seu Deus, o Criador de todas as coisas, o Único Deus Eterno e Absoluto. O Faraó chama os seus ministros e manda conduzir às fronteiras do seu reino o audacioso embaixador de um Deus desconhecido para ele. 

Decorrido algum tempo, volve de novo o Anjo do Senhor, concitando o legislador hebreu a repetir ao rei, com seu irmão, os rogos que uma vez já lhe fizera. 

De novo é Moisés repelido e, então, começam a cair sobre todo o Egito as grandes calamidades que a linguagem humana apelidou de pragas. Fenômenos extraordinários se deram em todo o reino, com o fim de tocar o coração endurecido, ferindo o espírito obcecado do grande e poderoso soberano. Esses fenômenos, porém, que a todos aterrorizava naquelas épocas, pela ignorância das causas que os produziam, hoje a ciência, à luz do Espiritismo, os explica de modo a satisfazer à razão mais refratária. Dos desertos da Arábia, os gafanhotos que aí se encontram em grande abundância e que a Zoologia classifica na espécie Acrídeos (gafanhotos); da África Central as moscas, as mais danosas de leste levantado e arrojado às planícies egípcias, devastando toda a vegetação e dizimando todos os rebanhos. E, assim as correntes aéreas, perfeitamente conduzidas pelos espíritos em missão, produziam esse resultado necessário para amedrontar o rei e o seu povo.

Tais foram meus amiguinhos, as duras provações por que passaram os egípcios, as quais melhor podereis conhecer pela leitura das Sagradas Escrituras, e que conseguiram tocar o endurecido coração do Faraó.

Aproveitando esses acontecimentos, Moisés volta ainda uma vez e repete as suas súplicas pela libertação do povo de Deus; e quando tanto lhe não quisessem dar, dizia, ao menos lhe concedessem a esmola de permitir que com o seu povo, ele fosso ao deserto cumprir uma promessa que fizera ao seu Deus.

O rei, temendo novos desastres, acede pôr fim aos rogos dos estrangeiros. Então, Moisés procura os seus, e Aarão dirigindo-lhes a palavra, tenta persuadi-los da necessidade de saírem daquele infamante cativeiro, buscando a terra da promissão, onde seriam felizes, abençoados pelo verdadeiro Deus.
Convencidos afinal com grande dificuldade, pois já se haviam habituado aos duros trabalhos e ao prazer da adoração dos falsos deuses, submetem-se ao grande legislador e, assim, em número extraordinário, que poderia formar um poderoso exército, saem os israelitas e Egito, guiados por Moisés que, aproveitando uma maré do equinócio (dia e noite tem a mesma duração), com eles atravessa o Mar Vermelho. Penetram no deserto, encontrando a cada passo tribos diferentes que lhes dão batalha. Moisés confiando sempre no seu Deus, no Deus de seus pais, aceita todos os combates e em todos é vencedor, até que chega à falda do Sinai.

Povo de ingratos!

Por mais de uma vez, durante essa penosa quão gloriosa jornada blasfemou a hora em que ouvira a voz do seu chefe e pedindo que este lhe mostrasse o Deus de que tantas vezes lhe falara tentar até apedrejá-lo, como impostor que o tinha tirado das terras do Egito, onde fruía os gozos condenados pela razão e pela moral.

Moisés sempre humilde, mas firme nas suas convicções, suplicava constantemente ao Senhor, procurando apaziguar os ânimos dos que o acompanhavam, ora pedindo os saborosos mananciais para desalterar lhes (acalmar) a sede, ora obtendo as codornizes para lhes saciar a fome, até que um dia, quando mais acesa a revolta parecia dominá-los a todos, deixa-os o grande israelita por momentos, e galgando as colinas que conduzem ao alto do Sinai, vai orar ao seu Criador, implorando-lhe a força, o robustecimento da fé, para levar por diante a sua jornada.
O povo, à distância, começa então a ouvir grande rumor na floresta; cruzam-se relâmpagos no espaço e, envolto em fluidos luminosos, destaca-se no alto do Sinai, joelhos postos em terra, o vulto majestoso de Moisés.

Deus, não, mas o mesmo espírito do monte Horéb dirige a palavra ao médium intuitivo e vidente, dando-lhe as instruções necessárias, para felicidade daquele povo. Ordena que ele grave em pedra os mandamentos da lei; - esse mandamento, meus filhinhos, tão sabiamente dados, que sendo dez, se resume em dois: - amor a Deus sobre todas as coisas e amor ao próximo como a si mesmo!
Mas, quem saberá amar a Deus? Quem compreenderá em todo o espírito esse resumo dos mandamentos da lei?

Hoje mesmo, bem poucos talvez, apesar do sangue derramado no Calvário, nas agonias da Cruz!
O amor a Deus, esse amor que pede a lei encontrareis, meus filhos, no grande patriarca Abraão, o chamado – Pai dos pobres.

Esse santo varão (homem respeitado), filho de Taré, nasceu em Ur, cidade da Caldeia onde viu a luz nas mesmas condições que o grande legislador, num meio vicioso de infiéis; mas, espírito em missão, desde a infância teve a intuição de um Deus Único e Verdadeiro, fugindo sempre ao culto aos ídolos. Era o seu maior prazer engolfar-se (tornar absorto) em muda contemplação da natureza, onde em tudo o que lhe feria o olhar, ele via resplandecer a imagem do Único e Verdadeiro Criador.

Para o grande patriarca, o maior enlevo (encantar-se), a mais doce alegria que lhe poderia inundar os seios da alma era sentar-se meditando, às horas do crepúsculo, à porta da sua tenda, no vale de Mambre, à espera dos peregrinos a quem desse pousada. E tão grande era a caridade daquele elevado espírito que esse lugar, por todos os que ali passavam, ficou denominado – o Seio de Abraão (ver na Bíblia Lucas 16:22)
Em uma dessas belas tardes, em que o bendito caçador de almas esperava os viandantes, três mancebos a ele se dirigiram, saudando-o.

Grande foi o contentamento do velho patriarca, em recebê-los. Chamando-os para a sua tenda, mandou que sua companheira preparasse o que de melhor houvesse para seu repasto da noite, oferecendo-lhe a água fresca da fonte cristalina.

E, sentando à mesa, em meio da palestra santificada, assim lhe fala um dos mancebos (homem muito moço): - Diz-me o coração, senhor, que dá vossa esposa ainda terá um filho.

Sara sua companheira, que oculta no fundo da tenda ouvia a conversa dos viandantes, sorriu de incredulidade, porque já era velha, muito em anos.

E, desse sorriso de mãe, meus filhos, nasceu Isaac, que veio ao mundo, com espanto de todas as 
gentes que habitavam aquelas terras – o que veremos no capitulo 3.


Cap. 2 do livro De Jesus para as crianças – Bittencourt Sampaio

veja mais:




A HISTÓRIA DO BEBÊ MOISES PARA CRIANÇAS



cap.1
Da noite o véu caliginoso (escuridão densa) e mesto (de aspecto sombrio) rasgara-se, ao embate dos primeiros raios de um sol esplêndido, cedendo lugar aos albores da clara madrugada.

Livre a terra do negro manto de sombras e tristezas, que traz, às almas boas, horas de meditação e de saudade, surgia no horizonte o rosiclér (de uma tonalidade rósea) da aurora, que , com a opulência dos seus encantos, vinha iluminar um dos quadros mais sublimes, mais tocantes que se tem realizado à face deste o planeta.

Nas frondes dos arvoredos, sacudindo as penas aljofradas (orvalho) pelos orvalhos da noite, alegres pássaros desferiam cânticos suaves, saltitando de ramo em ramo, até as copas das palmeiras, cujas hastes docemente balouçadas pelas auras suspirosas, dir-se-ia saudarem a princesa do Oriente.

Ao longe, cânticos ouviam-se, de extraordinária nostalgia, dos campeiros hebreus que, despertos pela luz da fresca madrugada, conduziam seus rebanhos aos ervaçais (aglomerado de ervas para pastagem) do monte, em busca de pastagem.

Manhã de sorrisos e de dores! Eterno contraste que desperta no coração do homem o sentimento do belo, a intuição do seu Deus e Criador!

Em uma colina, sob humilde palhoça, perante o esplendor da natureza que se lhe desdobrava aos olhos, ao despontar do dia, pobre mulher, transida da mais cruciante dor, aconchegava ao morno seio o fruto do seu amor, imprimindo-lhe nos róseos lábios os derradeiros beijos da despedida. A seu lado, partilhando da sua angústia, esposo e filha preparavam, davam a última demão (retoque final) ao esquife (pequena embarcação ou caixão de defunto) de uma criança.

- Tenham cuidado, dizia-lhes Jocabeth; tenham cuidado, não deixem o menor interstício (pequeno espaço), pois a água pode afoga-lo. – Busquem mais resina, se essa não lhes basta, betumem bem; o rio é manso, mas, quem sabe! Os seixos (pequeninas pedras)  podem despedaçá-lo!

- Não tenhas cuidado, mãe, responde-lhe a donzela – o esquife está perfeito; mas, não sei, senhora, quem me diz – será isto um esquife, ou antes um batel(pequeno barco) de salvamento, que leva meus irmão?

E Jocabeth, sorrindo tristemente, dizia à filha: - Não o creias; para a nossa raça não existe piedade; fomos condenados pelo Senhor, que tantas vezes tem baixado sobre a descendência de Abraão. É bem possível, diz-lhe, consolando-a, Amram (marido de Jocabeth), é bem possível que o nosso querido filhinho, levado pelas águas, longe de achar a morte, como julgas, vá encontrar a vida, como o espero!

Pronto o esquife, em meio de prantos e gemidos que só as mães compreendem, foi o inocentinho lançado às águas do Nilo, que serpeia por entre as montanhas da Líbia.

A irmã, porém, dessa criança, levada por seus sentimentos extraordinariamente bons, tocada pela influência do seu Anjo da Guarda, quis ver o curso do berço e, então, com essa curiosidade e graça tão próprios da infância e que constituem o seu maior encanto, caminhou, pisando a alfombra(gramado) que margeia o grande rio, olhos cravados no esquife que, abandonado à corrente, seguia o seu ignoto destino; e, comovida até às lágrimas, a si própria perguntava: - Qual o crime cometido pela nossa raça, para que mereça tão grande punição? E vós permitireis, Senhor, que o meu irmãozinho seja tragado pelas águas? Que rei tão mau é esse que fere assim as mães, matando-lhes os filhinhos?

Inocente criança, não compreendia ela ainda a lei soberana do egoísmo humano; vivendo como as flores, como os pássaros, não concebia que alguém fosse capaz de arrancar dos braços de uma pobre mãe o seu filhinho querido, para lança-lo à morte!

E, com o pensamento conturbado por negros cismares, caminhava sempre, até que, por entre a densa folhagem de frondoso bosque, divisou as damas da corte do grande senhor, as quais à margem da corrente faziam companhia à sua soberana, que ali vinha banhar-se.

Enquanto na humilde choça a triste mãe veria amargo pranto pelo filho estremecido, Termutis(filha de Ramsés II. Terceiro faraó da XIX dinastia egípcia que reinou entre aproximadamente 1279 a. C. e 1213 a. C.), a bela princesa, filha do Faraó, em toda a sua grandeza, ostentando magníficas pedrarias, descia majestosa às margens do Nilo onde, no banho higiênico, buscava refrigério ao seu corpo virginal. Confiando em suas damas, que velavam pelo seu recato, dispunha-se a banhar-se, quando, vendo uma cestinha que boiava à flor das águas, impelida docemente – curiosa de saber o que continha, ordena às damas, que a tragam, represando-a à margem da corrente.

Cumpridas as ordens, vê Termutis, com pasmo, que a cestinha de juncos(planta), betumada, conduzia formosa criança, tão bela como a aurora, que sobre os cabelos lhe espargia seus raios luminosos. Beijando-a comovida, diz às damas: - Com certeza é este inocentinho filho de hebreus, um condenado de meu pai! Tivesse eu aqui alguém para amamenta-lo e certamente o tomaria. É tão formoso!
Ilidia esse o nome da irmã de Moisés, que tudo ouvira, aproxima-se da princesa e, vencendo a timidez, anima-se a dizer-lhe: - conheço alguém, senhora, que pode amamentar essa criança, se isso for do vosso agrado. – Ao que, diz-lhe Termutis: - Vai busca-la e sem demora.

Ilidia corre ofegante de contentamento a levar a grata nova a Jocabeth e, como alucinada, penetra a palhoça, bradando: - Venha, minha mãe, venha amamentar meu irmãozinho, por ordem da princesa!
Jocabeth, sem compreender bem o que lhe dizem, sai e desalinho, seguindo a filha, cujos passos a conduzem junto a Termutis, de quem, ébria de gozo, recebe em seus braços o querido filhinho, que há pouco lhe fora arrebatado. E fingindo-se estranha à criança, dela se encarrega.
Triste condição de mãe que, para obedecer ao sátrapa(indivíduo muito poderoso e arbitrário), precisa até dizer que não é mãe!

Estreitando ao peito o querido tesouro, que perdido já julgara, volta à humilde palhoça onde devia crescer, desenvolvendo-se, o alto espírito do grande legislador hebreu.

Essas torturas, essas angústias por que passou Jocabeth, tinha certamente uma razão de ser; o egoísmo da raça egípcia não podia tolerar o desenvolvimento extraordinário da raça hebraica e, naqueles tempos, como ainda hoje neste século que está a findar, e que ironicamente se  apelida de século das luzes, predominava tão somente o desejo de conquista que estabelece a negra servidão do vencido ao vencedor!

A humanidade era uma palavra sem sentido, a justiça um mito, a força um direito, o próximo a próprio eu.

Mas, Deus, soberanamente Justo e Misericordioso, Deus, infinitamente Bom, Deus, Onipotente, entendeu, em sua alta sabedoria, fazer do próprio palácio do Faraó o abrigo daquele que mais tarde reivindicaria os direitos dos de sua raça e, abalando, com os prodígios de suas mediunidades, todos os recônditos do Egito, quiçá da Ásia, receberia no alto do Sinai, os Mandamentos da Lei de Deus, o que fará o assunto do próximo capítulo.

Cap. 1 do livro De Jesus para as crianças – Bittencourt Sampaio

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sexta-feira, 23 de novembro de 2018

APRESENTAÇÃO DO LIVRO DE JESUS PARA AS CRIANÇAS pelo espirito de Bittencourt Sampaio


Este livro é ainda uma misericórdia que o Divino Senhor concede àqueles que ao estudo das Sagradas Letras humildemente se dedicam, buscando nos seus sublimes ensinamentos, em espírito e em verdade interpretados, a luz que lhes ilumina o tortuosos carreiro da existência que deve, um dia, conduzi-los limpos de pecado, à verdadeira vida, no seio amantíssimo de Jesus, o nosso Bendito Mestre.

Prometido pelo Espírito do nosso querido amigo Bittencourt Sampaio, pouco tempo  depois de nos ter ditado o que hoje corre o mundo, sobe o título – Jesus perante a Cristandade (1) – levando às almas crentes os bálsamos da palavra vivificante do Divino Redentor, pelo nosso dedicado companheiro Frederico Pereira da Silva Junior, o médium que nos transmitira aquele trabalho, tivemos a ventura de receber o prefácio deste, que ora publicamos, a 8 de dezembro do ano próximo passado, o dia em que toda a Cristandade comemora a Sagrada Conceição da Imaculada virgem Maria.

No espaço de oito meses, em sessões realizadas periodicamente, com quase todos os companheiros que assistiram à transmissão do primeiro trabalho já publicado, recebemos-lo, tendo a suprema dita de vê-lo concluído a 15 de agosto do corrente ano, como uma homenagem, embora humilde, pelo seu inspirado autor prestada à Excelsa Glória da Rainha dos Anjos.

Ainda por esta vez fui pelo bom discípulo do Divino Mestre encarregado de coordenar o seu trabalho e dá-lo à publicidade.

Hoje que me tenho desobrigado da tarefa a que dediquei todo o carinho de minha alma de crente, rendo graças ao Senhor pela misericórdia que baixou ao último dos seus filhos, permitindo que ele servisse, na medida das suas pequeninas forças, ao grande obreiro da Vinha do Amado Mestre, na propagação dos ensinamentos evangélicos.

Que as grandes verdades que este belo livro ensina às  criancinhas – esplêndido tesouro de lua que, por seu dedicado sevo, Jesus concede àqueles que ensaiam os primeiros passos no ingrato mundo a que vieram em busca da redenção das culpas do passado, sejam para as sua almas o fanal que os guie ao almejado porto da salvação.

E que Jesus, do alto da sua Glória, abençoe o fiel mensageiro da sua divina e santa palavra, aos seus irmãos da terra.

Dezembro de 1901.
Pedro Luiz de Oliveira Sayão

PREFÁCIO DO LIVRO DE JESUS PARA AS CRIANÇAS pelo espirito de Bittencourt Sampaio


Prezado(a) leitor(a), tenha esse livro que ora lhe depositamos nas mãos como um presente dos céus... Como volume físico pode parecer apenas uma singela lembrança, mas conhecido o seu conteúdo reconhecer-se-á nele uma verdadeira joia de brilho próprio, da mais fulgurante espiritualidade; ao mesmo tempo em que um marco na história do Espiritismo brasileiro, como o primeiro título da literatura espírita nacional dedicado à evangelização infantil.

Publicado originalmente pela FEB em 1901(1), tem como autor espiritual nada mais nada menos que Bittencourt Sampaio, uma das estrelas de primeira grandeza na constelação dos pioneiros de nossa Doutrina na Pátria do Evangelho(2), e foi recebida psicofisicamente pela segura e admirável mediunidade de Frederico Pereira da Silva Jr., o médium de Ismael, apontado pelo Patrono de nossa CASA, Bezerra de Menezes, como uma dos maiores médiuns de todos os tempos, do Brasil e do mundo ...(3)

Redigido inicialmente para as crianças, traz em suas páginas variadas e reluzentes pérolas de sabedoria, capazes de atender as infantes de todas as idades...

Sugerimos que o leia com calma, com vagar. Saboreie lhe as palavras, e eleve o pensamento em prece para bem aproveitá-las todas, para aprender em espírito e verdade os ensinos que traz entremeado a uma seleção de passagens bíblicas, narradas na forma de pequenas historietas, ao sabor infantil, mas trazendo sempre nas entrelinhas profundas lições para os que tem olhos de ver e ouvidos de ouvir...
Ele poderá ser útil também, aos que realizam o Culto do Evangelho em família, posto que traz diversos “recados” dirigidos especialmente às crianças, facilitando assim o despertamento de seu  interesse e participação.

Não podemos concluir essas breves palavras, a título de introdução, sem agradecer publicamente a dedicação e a gentileza de nossa confreira Sra. Norma Guimarães, do Posto de Assistência Bittencourt Sampaio, obra do Grupo Espírita regeneração , de Goiânia (GO), que voluntariamente providenciou toda a digitação dos originais e a sua atualização para os padrões ortográficos atuais.
Estendemos também os nossos agradecimentos ao prezado Oceano Vieira de melo, pela gentil cessão das valiosas imagens das paginas 149 e 150 dessa edição, bom como ao nosso Jorge Damas, pela organização e notas desse trabalho. Que Deus abençoe sempre esse amigo de nossa CASA, pelas sucessivas florações no bem, que a cada estação produz.

Ao nosso Patrono, Bezerra de Menezes, e ao fundador e Orientador Geral de nossa CASA, Azamor Serrão, pedimos bênçãos para mais esse esforço dos seus pequeninos .
A todos, boa  leitura , e PAZ!

Julio Damasceno
Pela Casa de Recup. E Benefícios Bezerra de Menezes, em maior de 2015, em celebração pela realização do XI Congresso Jean Baptista Roustaing


1 “De Jesus para as Crianças” teve apenas duas edições, até o momento: a 1 em 1901, Typ. Aldina, R. da Assembleia, 96, Gráfica, Pç. Tiradentes, 36; e a 2 e, 1938, Livraria da FEB, Av. Passos, 30, RJ.
2 No livro “Voltei” psicografia de F.C.Xavier, o irmão Jacob (pseudônimo de Frederico Figner) descreve Bittencourt coma “uma estrela brilhante”, revelando ainda ter ele um papel na supervisão do Espiritismo evangélico no Brasil. (Caps. “Noite Divina” e “A Palavra do Companheiro”). Em “Memórias de um Suicida”, do autor espiritual Camilo Cândido Botelho (pseudônimo de Camilo Castelo Branco) psicografia de Yvone Pereira, Bittencourt é também apresentado de como “um dos representantes da direção espiritual das terras de Santa Cruz”, juntamente com Bezerra de Menezes (cap. VII).
3 Sobre o valor e a qualidade da mediunidade de Frederico tem-se o depoimento de Bezerra de Menezes na obra  “A Tragédia de Santa Maria”, recebida também pela valorosa Yvone Pereira: “Existia na capital do País (RJ) um médium portador de peregrinas qualidades morais e vastos cabedais psíquicos, que dele faziam, sem contestação possível, um dos mais preciosos eminentes interpretes da Revelação Espírita no mundo inteiro, em todos os tempos. (...) chavama-se Frederico Pereira da Silva Júnior”(Pags 223/4 da 3 ed. FEB). Foi lel o médium de Allan Kardec para orientar a unificação dos espíritas no Brasil, tarefa realizada por Bezerra de Menezes, conforme a revelação de Humberto de Campos em ‘Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho”, psicografia de F.C.Xavier, no cap . “A Federação Espírita Brasileira”.
 

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