A família, sem qualquer dúvida, é bastião seguro para a
criatura resguardar-se das agressões do mundo exterior, adquirindo os valiosos
e indispensáveis recursos do amadurecimento psicológico, do conhecimento, da
experiência para uma jornada feliz na sociedade.
Nem sempre compreendida, especialmente nos dia modernos, a
família permanece como educandário de elevado significado para a formação da
personalidade e desenvolvimento afetivo, mediante os quais torna-se possível ao
espírito encarnado a aquisição da felicidade.
Animal biopsicossocioespiritual, o ser humano não pode
prescindir da convivência familiar, porque o instinto gregário que lhe comanda
a existência, ido à busca do grupo, qual sucede entre outros animais que vivem
em família, protegendo-se e preparando-a para a própria independência.
Escarnecida, no entanto, pelo cinismo filosófico de ocasião,
que preconiza a desenfreada corrida pelas trilhas do prazer insaciável,
permanece como organização insuperável para a construção da sociedade
harmônica.
Examinada pela ótica distorcida daqueles que não
experimentaram o convívio saudável no lar, acusam-na de ser responsável pelos
conflitos que os assaltam.
Certamente, em muitas
famílias, os fatores de desequilíbrio são dos indivíduos imaturos ou
autoritários que descarregam os tormentos de que são vítimas, naqueles que,
indefesos, encontram-se sob a sua guarda. Tal comportamento não é
responsabilidade da família, em si mesma, porquanto, ao invés de acusação
indevida, seria ideal que fossem trabalhados os fatores que geram
desequilíbrios, corrigindo e orientando os membros que a constituem.
O lar é o celeiro de bênção, no qual se coletam as
informações e a vivência edificante, tornando-se o primeiro núcleo de
socialização da criança, que aí haure as experiências dos ancestrais,
adquirindo os hábitos que deverão nortear a sua caminhada existencial.
Se, por acaso, e isso ocorre, não são saudáveis os recursos
que lhe são dispensáveis, ao abandono ou à mercê das agressões do mundo em
desgoverno, muito mais graves se lhe apresentam as conjunturas, dando-lhe
informações destituídas de significado superior e levando-a a atitudes
agressivas como mecanismo de defesa em razão dos contínuos enfrentamentos a que
se vê constrangida suportar.
No lar, desenvolvem-se a afetividade, o respeito pelos
direitos alheios, o despertamento para os próprios direitos sem as
extravagâncias nem os absurdos de atribuir-se méritos a quem realmente não os
possui.
Esse agrupamento familiar, no entanto, não é resultado
casual de encontros apressados no mundo físico, havendo ocorrido nas esferas.
O erotismo, porém, que grassa; não permite aos indivíduos a
convivência que lhes faculta o desvelar-se, o conhecimento, sem a ocorrência
dos violentos conúbios sexuais de efeitos insatisfatórios, que dão lugar a
decepções ou levam ao desbordar das paixões da libido mal direcionada.
Unem-se os solitários egoístas, preparados para a separação,
mediante a cultura da indiferença afetiva, como consequência da filosofia
consumista de que se vive em sociedade, na qual tudo é descartável, inclusive
as afeições humanas.
Este comportamento, dizem , para não sofrerem quando ocorrer
à ruptura da frágil união.
Certamente há grandiosas e inumeráveis exceções,
particularmente naqueles espíritos que se permitem esperar pelo ser que lhes
proporcione emoção e alegria de viver, facultando-lhes a união feliz, coroada
pela prole com a qual estão comprometidos.
Embora seja essencial a união sexual, o fundamental é o
sentimento de amor que pode resistir aos embates do relacionamento a dois, e
depois, com o grupo de espíritos renascidos no corpo físico, constituindo o
santuário doméstico.
Na primeira fase, ocorrem os fenômenos relacionados às
necessidades afetivas sem os impulsos primários, nascidos no reconhecimento
espiritual do outro.
Lentamente, planificam-se as aspirações e trabalha-se pela
sua execução harmônica, o que propicia bem-estar e alegria com a presença
física, sem qualquer tipo de tormento.
Quando, em sentido oposto, o namoro se transforma em convivência
sexual, desaparece o interesse de permanência, enquanto a afetividade diminui,
cedendo lugar ao hábito destituído de meta procriativa, construção familiar.
A constelação familiar, no namoro encontra a pedra angular
para o futuro alicerce doméstico, que deverá resistir às tormentas do
quotidiano.
Familiares difíceis e gentis procedem, portanto, da
programação anteriormente traçada, que o amor do casal conseguirá conduzir com
sabedoria.
... E quando o problema se apresentar entre os parceiros, a
consciência do dever se encarregará de bem orientar o comportamento de ambos em
favor do êxito do empreendimento familiar.
Joanna de Ângelis – livro Constelação Familiar – psicografia
de Divaldo Pereira Franco
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