terça-feira, 13 de agosto de 2019

AS CRIANÇAS E SEUS AMIGOS INVISÍVEIS





Segundo diversos psicólogos, a resposta é sim, e o percentual dos casos apurados em todo o mundo revela que o fato é mais comum do que se pensa, ou seja, não é uma ou outra criança que diz conversar com amigos que ninguém vê. O seu número seria muito grande.


A questão que se impõe é, portanto, outra: 

– Os amigos supostamente imaginários são fruto da imaginação infantil ou seres reais que os adultos não veem mas que as crianças veem e que com elas conversam, como fazem os amiguinhos encarnados?


A vidência mediúnica, que Allan Kardec estudou em minúcias nos itens 100 e 190 de O Livro dos Médiuns, é assunto pacífico no campo da fenomenologia espírita.


Essa faculdade, que depende da organização física do médium, permite a este ver os Espíritos em estado de vigília, ou seja, estando o sensitivo perfeitamente acordado. Como os fenômenos mediúnicos não ocorrem a revelia das autoridades espirituais superiores, é claro que há Espíritos que se deixam ver e há outros que não são vistos, o que não significa que estejamos sós, porquanto os desencarnados habitualmente nos rodeiam. 


A propósito de um estudo feito pelo Dr. H. Bouley sobre a evolução da raiva nos cães, que experimentam nas intermitências dos acessos uma espécie de delírio, Kardec examinou o fenômeno das visões de seres desencarnados que ocorre com as criancinhas e com certos animais, sobretudo o cão e o cavalo, concluindo que, no tocante às crianças, a vidência mediúnica parece ser frequente e mesmo geral. (Leia sobre o assunto a Revista Espírita de 1865, pp. 260 a 264.)


A existência da mediunidade de vidência, informam os Espíritos, foi a primeira de todas as faculdades dadas ao homem para se corresponder com o mundo invisível. Em todos os tempos e em todos os povos, as crenças religiosas se estabeleceram sobre revelações de visionários ou médiuns videntes. A Revista Espírita de 1866, págs. 120 a 123, trata do assunto.


Um fato de vidência numa criança de quatro anos, verificado em Caen, levou Kardec a reconhecer que a mediunidade de vidência não apenas parecia mas era, efetivamente, muito comum nas crianças, e isso, segundo o Codificador, não deixava de ser providencial. 

“Ao sair da vida espiritual, explicou Kardec, os guias da criança acabam de a conduzir ao porto de desembarque para o mundo terreno, como vêm buscá-la em seu retorno. A elas se mostram nos primeiros tempos, para que não haja transição muito brusca; depois se apagam pouco a pouco, à medida que a criança cresce e pode agir em virtude de seu livre arbítrio.” (Cf. Revista Espírita de 1866, pp. 286 e 287.)


Ninguém, pois, se assuste quando vir que seu filho anda a conversar com “amigos” que ele diz ver e que, no entanto, não vemos. 


Até os sete anos de idade, o Espírito da criança encontra-se em fase de adaptação para a nova existência e ainda não existe uma integração perfeita entre ele e a matéria orgânica, fato que lhe permite emancipar-se e, eventualmente, ver vultos desencarnados que lhe fazem companhia, o que nos permite deduzir que os amigos imaginários das nossas crianças só o são na aparência. Eles não são imaginários, mas tão-somente invisíveis.

Extraído da Revista O Consolador ano 2  numero 62









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