Num futuro breve, quando a mulher se legitimar pelo que é por onde quer chegar, adquirirá o respeito – dos outros e de si mesma.
À medida que a criança cresce e se desenvolve no convívio
familiar, ela reproduz ou copia tudo o que vê, ouve e observa. Os adultos
servem de padrões, quer dizer, são modelos e exemplos. Por meio da
identificação com os pais, tios, avós ou irmãos mais velhos, ou mesmo da
imitação de seus atos e atitudes, a criança, de forma consciente ou
inconsciente, modela-se firmemente no ambiente doméstico.
Socialização é o processo de adaptação do indivíduo ao grupo
social; é o desenvolvimento das relações na vida grupal, caracterizado pelo
espírito de coletividade e pelo sentimento de cooperação e solidariedade.
Particularmente na criança, a socialização se inicia a
partir do momento em que o recém-nascido é conduzido para casa pelos pais. No
entanto, não devemos esquecer que, desde a sua concepção, a alma, já ligada ao
diminuto embrião humano, sofre forte influência do ambiente em que vive.
De acordo com Jean Piaget, cada criança, na fase da “socialização
doméstica”, assimila e modela tudo o que a sensibiliza de acordo com sua
individualidade – utilizando sua personalidade única e peculiar, o que irá
distingui-la de todas as outras pessoas. Acontecimentos caseiros, atos e
opiniões dos adultos, considerações sobre ética, religião, costumes, moral e
filosofia, proibições e preconceitos, permissões e intolerância, tudo vai-se
modelando na “argila plástica”, que é a mentalidade infantil, e delineando a
criança dentro de preceitos, regras de conduta e de princípios que variam
culturalmente, de família para família, e interiormente, de criança para
criança. Mesmo nos gêmeos idênticos, o desenvolvimento psicossocial ocorrerá de
forma diferenciada devido à bagagem espiritual que cada alma traz consigo –
produto de suas vidas sucessivas.
Consulta Kardec a Espiritualidade Maior, na terceira parte,
cap. IX, de O Livro dos Espíritos:
De onde se origina a inferioridade moral da mulher em certos países? . E os Obreiros do Bem respondem: “Do império injusto e cruel que o homem tomou sobre ela”. É um resultado das instituições sociais e do abuso da força sobre a fraqueza. Entre os homens pouco avançados, do ponto de vista moral, a força faz o direito.
As formações machistas que as crianças recebem na infância
as influenciam durante toda a vida. Homens são treinados para serem fortes,
corajosos, agressivos, seguros, bem-sucedidos e autossuficientes. Para os
estudiosos do comportamento humano, o “estereótipo do macho” iniciou-se nas
eras pré-históricas, quando os nossos antepassados do sexo masculino tiveram
que abandonar o medo e disputar a corrida com os animais.
Machismo é um conjunto de normas, costumes, leis e atitudes
baseado em regras socioculturais do homem, que tem por finalidade explícita
e/ou implícita criar e manter a submissão da mulher em todos os níveis:
afetivo, sexual, pro criativo, profissional.
Quando a mulher, nos seus mais diversos relacionamentos,
romper com essa visão de que deve ser submissa, reclusa, frágil e dependente do
homem, ela recuperará toda a estrutura de poder e o senso de iniciativa.
A “guerra dos sexos”, na maioria das vezes, tenta impor, com
ou sem armas, a supremacia do homem sobre a mulher por meio da violência, clara
ou dissimulada, salvaguardando interesses falocratas de mentalidades medievais.
O machista atual com tal, sem poder explicar seus atos ou
perceber suas atitudes externas, porque não se dá conta das estruturas
preconceituosas que internalizou nesta ou em outras existências. Ele se limita
apenas a reproduzir ou pôr em prática tudo aquilo que viveu culturalmente no
lar, na escola, no templo religioso, na cidade, no país, enfim em qualquer
lugar ou situação que o tenha influenciado.
Muitas mulheres, de forma inconsciente, compartilham do
machismo na medida em que não notam as estruturas psicológicas e “hegemonia
masculina” que regulam suas relações afetivas e sociais. E podem reproduzi-las,
sem perceber, na educação dos filhos, sejam eles homens ou mulheres, contribuindo
dessa forma para que a ideia machista se perpetue automaticamente.
São muitos os provérbios humilhantes e os insultos irônicos
endereçados às mulheres, estes acompanhados de risos sarcásticos e
depreciativos. O “sexismo”- atitude de discriminação fundamentada no sexo –
leva mulheres ingênuas, inseguras e dependentes a aceitar essas críticas
mordazes como naturais, porquanto o modelo de educação em que organizaram seu
mundo íntimo baseou-se nesses valores e crenças distorcidos.
A mulher precisa descobrir que não depende de ninguém para
viver a própria existência, pois tem dentro de si uma extraordinária capacidade
de fazer mudanças positivas. Ela, como o homem, tem um mundo diante de si, e
todos podem crescer até onde permite sua capacidade, seu dom, seu talento nato.
Todos nós estamos em constante mutação e nos transformamos todo o tempo nos
aspectos físicos, mental, emocional e espiritual. Nada na Natureza permanece
estático; tudo flui através dos processos da vida, dentro e em torno de nós.
Em muitas ocasiões, a mulher, em vez de reverter à situação
desgostosa em que vive, tenta muar de forma superficial, apenas substituindo o
cônjuge por outro, mas sem renovar seu modo de sentir, pensar e agir. Como não
se preocupa em erradicar os velhos padrões ou crenças inadequados de seu mundo
interior, corre o risco de atrair outro parceiro igual ou muito parecido com o
que acaba de deixar. A lei de atração perpetua tanto alegria como tristeza para
nossas vidas.
Não devemos jamais deixar que uma empresa, associação ou
ligação afetiva, profissional ou de amizade, venha eclipsar nossa vida a ponto
de desrespeitarmos quem somos.
Neste novo milênio, cabe à mulher recuperar sua dignidade e
o respeito por si mesma. Descobri, verdadeiramente, que o respeito anda de mãos
dadas com a autoestima e o bem-estar. Deve iniciar o processo – que muitas já o
fizeram – de valorizar suas forças individuais e únicas, usando a energia
interior para descobrir capacidades inatas e novos talentos adormecidos.
Constituições modernas já estabeleceram, há muito tempo,
leis e direitos que firmam a igualdade entre os sexos. No entanto, essas leis e
direitos só terão valor, e significado quando forem totalmente assimilados e
colocados em prática por todos aqueles que os validaram.
É possível que determinadas pessoas discordem e não aceitem
nossas ponderações, mas nem por isso tudo está perdido. A diversidade de
opinião e a forma de olhar o mundo dependem da singularidade evolutiva de cada
criatura.
O equilíbrio vai sendo pouco atingido. A visão g-machista
gradativamente se desfaz, nascendo em seu lugar a amizade, o respeito e a
cooperação entes seres humanos. Na estrutura social do porvir, pouco importará
o sexo do indivíduo, pois todos serão igualmente valorizados e jamais
oprimidos.
Num futuro breve, quando a mulher se legitimar pelo que é e
por onde quer chegar, adquirirá o respeito – dos outros e de si mesma.
Acreditar que alguém exista só para nos servir é uma visão egocêntrica e
degradante da atual humanidade. Enquadrar pessoas em papéis sexuais nitidamente
definidos – subserviência, inferioridade, subordinação -, usando-as como objeto
que podem ser controlados e descartados é imensamente cruel e impiedoso. O amor
cristão não considera os papéis sexuais, e sim encoraja todos os seres a
exprimir a liberdade, o respeito e o amor uns pelos outros.
Cap. Respeito - Extraído do livro Os Prazeres da Alma – psicografia
de Francisco do Espírito Santo Neto – pelo espírito de Hammed
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